Bitcoin Cash: você sabe o que é esse hard fork do Bitcoin?
Por ser um sistema monetário completamente digital que dispensa a intermediação de uma autoridade, o Bitcoin pode ser considerado uma das invenções mais inovadoras da história. Ainda assim, ele apresenta algumas limitações relacionadas principalmente à escalabilidade que despertam críticas.
A fim de resolver essas questões, foram propostas duas soluções que acabaram dividindo a comunidade e o Bitcoin passou por um hard fork que deu origem ao Bitcoin Cash em 1 de agosto de 2017.
Leia mais: O que é um fork em uma criptomoeda?
O problema da escalabilidade
Na rede Bitcoin, os blocos, que armazenam os registros das transações, possuem um limite de tamanho (1 MB) e de frequência (1 novo bloco é criado, em média, a cada 10 minutos). Essas características estão determinadas no próprio código.
Mesmo com o aumento do número de participantes e da quantidade de transações, esses limites foram mantidos, por isso a rede é capaz de processar, em média, de 3 a 7 transações por segundo. Para você ter uma ideia, a Visa processa 24 mil transações por segundo.
Se a frequência e o tamanho do bloco são os mesmos desde a implementação da rede, mas o número de transações cresceu, isso significa que o tempo médio de espera para que as transações sejam validadas aumentou. Em 2017 houve relatos de esperas que duraram dias.
A demora no processamento de transações também faz com que a taxa de transação aumente. Essa taxa é paga aos mineradores como uma forma de incentivar a inclusão da transação em um bloco. Não é obrigatória e nem existe um valor determinado, mas se você pagar essa taxa, as chances de sua transação ser confirmada mais rapidamente aumentam.
Os membros da comunidade Bitcoin entenderam que o aumento do tempo de espera para validar uma transação e o aumento da taxa de transação estavam se tornando grandes problemas, especialmente com a popularização da rede no ano de 2017.
A primeira proposta: Segregated Witnesses (SegWit)
A primeira ideia que alguns desenvolvedores tiveram para solucionar essas questões foi modificar a forma como as transações são registradas nos blocos. Essa modificação foi feita com um soft fork, ou seja, com uma atualização que funcionaria mesmo se nem todos os participantes atualizassem o protocolo.
Os registros das transações têm basicamente 3 elementos chave:
1. Endereço público de envio (input)
2. Assinaturas (uma parte do input: atesta que o endereço de envio realmente tem os fundos suficientes para fazer a transação)
3. Endereço público de recebimento (output)
Como as assinaturas ocupavam um grande espaço (cerca de 65% do registro de uma transação), a SegWit mudou a estrutura como a transação é registrada e separou a assinatura do input.
Assim, cada byte da assinatura passou a contar como 1 unidade, enquanto os bytes dos endereços continuaram a contar como 4 unidades. Os blocos passaram a ter uma capacidade maior (cerca de 2 MB), mas o tamanho manteve-se o mesmo.
A atualização ainda resolve o problema da maleabilidade das transações, pois protege a ID da transação. A SegWit foi implementada em 24 de agosto de 2017, após a aprovação de 97% dos participantes da rede.
Leia mais: Hardware Wallets: como funcionam?
A segunda proposta: Bitcoin Cash
Alguns desenvolvedores não gostaram da ideia da SegWit, pois acreditavam que a alteração seria apenas uma solução temporária. Assim, quando a rede Bitcoin se tornasse ainda mais popular, seria necessária outra atualização.
Para eles, a melhor solução seria fazer um hard fork e aumentar o tamanho do bloco para 8 MB. Um hard fork é uma atualização incompatível com a versão anterior, o que dividiria a rede entre os que atualizaram e os que não atualizaram o protocolo.
A proposta do hard fork foi anunciada durante a conferência “Futuro do Bitcoin” na Holanda em junho de 2017 e o Bitcoin Cash foi efetivamente implementado em 1 de agosto daquele ano.
Como há um compartilhamento do histórico de transações até o ponto de divisão da rede, todas as pessoas que possuíam bitcoins, com a implementação do hard fork, passaram a ter a mesma quantidade de tokens do Bitcoin Cash.
Críticas ao Bitcoin Cash
Muitos críticos têm receios de que o poder computacional necessário para criar blocos maiores acabará desfavorecendo a descentralização da rede e concentrará a mineração em grandes corporações, que possuem maior capacidade de adquirir equipamentos mais potentes.
Além disso, como as pessoas que tinham bitcoins receberam a mesma quantia em tokens do Bitcoin Cash, também foram feitas acusações de que seria apenas um esquema para fazer dinheiro.
A criptomoeda, no entanto, já se provou forte e, hoje, tem uma capitalização de mercado de 8,92 bilhões de dólares e sua cotação está em torno de 500 dólares.
Leia mais: Tudo que você precisa saber para escolher a sua carteira de Bitcoin
Então, quais recursos o Bitcoin Cash tem?
O Bitcoin Cash tem capacidade para processar, em média, 61 transações por segundo.
Outra diferença entre o Bitcoin e o Bitcoin Cash é o intervalo de ajuste da dificuldade de mineração. Esse mecanismo serve para manter o fluxo de criação dos blocos estável e é ajustado na rede Bitcoin a cada 2016 blocos (aproximadamente 2 semanas). No Bitcoin Cash esse ajuste acontece a cada 600 segundos.
Essa diferença na frequência de ajuste também serve para atrair mineradores para o Bitcoin Cash: a criptomoeda pode valer menos que o Bitcoin, mas, em compensação, os mineradores são capazes de minerar blocos com mais frequência e, assim, receber as recompensas também com maior frequência.
O Bitcoin Cash passou recentemente por um hard fork, o que obrigou os participantes a atualizar o protocolo para poder continuar a fazer parte da rede. Esse hard fork aumentou o tamanho do bloco para 32 MB e reativou os códigos de operação (códigos op), que dão aos desenvolvedores ferramentas para criar contratos inteligentes.
Este post é obra da exchange de criptomoedas MODIAX, sendo parte de seu esforço para educar investidores e entusiastas das criptomoedas tratando de assuntos que afetam diretamente a esfera das criptomoedas.