O tempo passa um pouco mais rápido na Lua: cientistas medem a diferença

Copia de Contra Capa 1 1

Enquanto a humanidade se prepara para estabelecer uma presença real na superfície lunar, uma questão importante surgiu: como manter um tempo preciso na Lua? A resposta, ao que parece, é um pouco complexa, graças à teoria da relatividade de Albert Einstein.

Em abril, a Casa Branca desafiou os cientistas a desenvolverem um padrão de tempo lunar para apoiar futuras bases na Lua e lidar com o aumento do tráfego entre a Terra e nosso vizinho celestial. Pode parecer que bastaria instalar alguns relógios atômicos na Lua, mas a situação não é tão simples assim.

O problema surge do fato de que o tempo flui em ritmos diferentes em ambientes com forças gravitacionais e movimentos variados em relação ao observador, conforme Einstein teorizou.

Os cientistas já tiveram uma amostra desse fenômeno em 1969, com a missão Apollo 11. Quando Buzz Aldrin retornou à Terra, foi relatado que seu relógio pessoal, um Omega Speedmaster Professional — o cronógrafo oficial certificado pela NASA para voos espaciais tripulados — ficou ligeiramente fora de sincronia.

Agora, conforme relatado pela Eos, pesquisadores do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) realizaram cálculos e descobriram que os relógios lunares funcionam um pouco mais rápido. De acordo com os resultados, publicados no Astronomical Journal, o movimento da Lua desacelera seus relógios em comparação com os da Terra, mas sua gravidade mais fraca os acelera, resultando em uma diferença líquida de 56 microssegundos por dia. Esse número representa uma melhora em relação a análises anteriores.

Embora um desvio de 56 microssegundos possa parecer insignificante para a vida cotidiana, levá-lo em consideração é fundamental para a precisão exigida na navegação espacial e nas comunicações, especialmente à medida que a exploração humana da Lua se intensifica. Ignorar esse detalhe poderia levar a erros de navegação de até 17 quilômetros por dia, muito acima do limite de 10 metros necessário para as missões Artemis.

A solução envolve implementar um sistema de temporização lunar que leve cuidadosamente em conta todos os efeitos relativísticos, como a rotação da Lua, seu movimento orbital, forças gravitacionais entre os corpos e flutuações causadas pelo Sol e outras influências gravitacionais dos planetas.

Embora ainda leve alguns anos até que isso se torne essencial, especialistas reconhecem a importância de estabelecer um padrão de temporização bem antes de ele ser necessário para apoiar uma presença humana na Lua nas próximas décadas.

“A comunidade nos prestou um grande serviço ao publicar todo esse trabalho. Agora temos algo para apresentar à comunidade internacional de especialistas em temporização e perguntar: ‘Este é o modelo que podemos padronizar para a Lua?’”, disse Cheryl Gramling, engenheira do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, à Eos.

A missão Artemis II está prevista para ser lançada no próximo ano, construindo sobre o sucesso da missão não tripulada Artemis I em 2022. Ela será o primeiro voo tripulado da espaçonave Orion e do foguete Space Launch System (SLS) ao redor da Lua.

Foto de Marcelo Roncate
Foto de Marcelo Roncate O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.