Governo do Reino Unido desenvolve algoritmo de previsão de homicídios para identificar possíveis autores de crimes violentos

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Ao longo dos anos, surgiram diversas notícias sobre governos desenvolvendo algoritmos para prever crimes, o que frequentemente leva a comparações com o filme “Minority Report”, de 2002 — embora o longa envolva humanos com poderes de clarividência. Agora, o governo do Reino Unido é o mais recente a entrar nesse debate, mas autoridades afirmam que o projeto é apenas uma pesquisa — ao menos por enquanto.

O programa do governo britânico, inicialmente chamado de “projeto de previsão de homicídios“, funciona utilizando algoritmos para analisar informações de centenas de milhares de pessoas, incluindo vítimas de crimes, com o objetivo de identificar aquelas com maior probabilidade de cometer crimes violentos graves, segundo o jornal The Guardian.

O grupo de liberdades civis Statewatch revelou o projeto por meio da Lei de Liberdade de Informação. A entidade afirma que a ferramenta foi desenvolvida com base em dados de entre 100 mil e 500 mil pessoas. Segundo o Statewatch, o grupo inclui não apenas pessoas com condenações criminais, mas também vítimas de crimes — algo que os oficiais negam, alegando que apenas dados de condenados são utilizados.

Os dados analisados incluem nomes, datas de nascimento, gênero, etnia e um número que identifica os indivíduos no computador nacional da polícia. Também são consideradas informações sensíveis, como saúde mental, vícios, suicídio e vulnerabilidade, automutilação e deficiências.

“A tentativa do Ministério da Justiça de construir esse sistema de previsão de assassinatos é o mais recente exemplo assustador e distópico da intenção do governo de desenvolver sistemas de ‘previsão’ de crimes”, afirmou Sofia Lyall, pesquisadora da Statewatch.

“Reiteradamente, pesquisas mostram que sistemas algorítmicos para ‘prever’ crimes são inerentemente falhos.”

“Esse novo modelo, que utiliza dados da nossa polícia e Ministério do Interior institucionalmente racistas, apenas reforçará e ampliará a discriminação estrutural que sustenta o sistema legal penal.”

As autoridades afirmam que o programa é uma extensão de ferramentas de previsão de risco já existentes, comumente utilizadas para avaliar a probabilidade de um preso reincidir ao se aproximar da data de sua libertação. Acrescentaram que o projeto busca entender se a inclusão de novas fontes de dados da polícia e de registros de custódia melhoraria essa avaliação de risco.

Um porta-voz do Ministério da Justiça disse que o projeto está sendo conduzido apenas para fins de pesquisa.

Existe um histórico extenso de algoritmos de previsão de crimes que frequentemente são comparados ao “Minority Report”, como o “Dejaview”, da Coreia do Sul — um sistema de IA que analisa imagens de câmeras de segurança para detectar e possivelmente prevenir atividades criminosas. Ele funciona por meio da análise de padrões e identificação de sinais de crimes prestes a acontecer.

Em 2022, pesquisadores universitários afirmaram ter desenvolvido um algoritmo capaz de prever crimes com uma semana de antecedência e com 90% de precisão.

Também em 2022, foi relatado que a China estudava maneiras de construir perfis de seus cidadãos, a partir dos quais um sistema automatizado poderia prever possíveis dissidentes ou criminosos antes mesmo que tivessem a chance de agir.

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Foto de Marcelo Roncate O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.