Bitcoin: Parada na venda por mineradores e demanda institucional sustentam rali do BTC

Parada na venda por mineradores, influxo institucional constante e condições macroeconômicas favoráveis reforçam o novo rali do Bitcoin.

O Bitcoin voltou com força. Em apenas 30 dias, o preço da criptomoeda disparou de aproximadamente US$ 75 mil para mais de US$ 106 mil, impulsionado por uma combinação de fatores técnicos e macroeconômicos que vêm consolidando um novo ciclo de alta.

Entre os elementos-chave por trás do rali está a mudança de comportamento dos mineradores. Após meses vendendo parte de suas reservas, dados recentes da Glassnode indicam que eles voltaram a acumular Bitcoin. Desde meados de abril, as carteiras de mineradores adicionaram cerca de 2.700 BTC, interrompendo uma tendência de distribuição iniciada no final de 2023. Embora o volume represente apenas 0,15% do total em posse desses participantes, o movimento é interpretado como um sinal otimista para o mercado.

Outro indicativo positivo vem das Hash Ribbons, métrica clássica criada pela Capriole Investments, que usa médias móveis da taxa de hash para detectar períodos de capitulação e recuperação entre mineradores. Desde que o último sinal de compra foi ativado, no fim de março, o Bitcoin já valorizou cerca de 20%.

No front macroeconômico, a trégua nas tensões tarifárias entre Estados Unidos e China e comentários positivos do Federal Reserve sobre a trajetória dos juros criaram um ambiente propício para ativos de risco. Segundo relatório da Bitfinex, essa conjuntura, somada à possibilidade de cortes de juros ainda em 2025, fortalece o posicionamento do Bitcoin frente a ações e outros ativos voláteis.

Os dados de mercado também apontam para um aumento significativo de liquidez. O realized cap do Bitcoin — métrica que avalia o valor agregado de entrada de capital — atingiu um novo recorde de US$ 889 bilhões, com alta de 2,1% no último mês. Esse crescimento sugere que a valorização atual é sustentada por novos fluxos de capital, e não apenas por rotações especulativas de curto prazo.

Além disso, os ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos registraram fortes entradas nas últimas semanas. Analistas observam que esses fluxos agora parecem menos sensíveis a quedas pontuais de preço, indicando uma alocação institucional mais estável e estruturada.

Ainda que o sentimento geral seja de otimismo, alguns indicadores técnicos alertam para um possível resfriamento. O índice de Medo e Ganância do Bitcoin está em 70, zona que tradicionalmente antecede correções. A relação MVRV Z-Score — que avalia o valor de mercado em relação ao valor realizado — também se aproxima de níveis historicamente associados a topos temporários.

Apesar desses alertas, o panorama de longo prazo segue robusto. Métricas como o Momentum MVRV e o comportamento das carteiras ilíquidas sugerem que o Bitcoin está em uma fase saudável de valorização, com fundamentos sólidos e crescente interesse institucional.

O desafio agora será consolidar os US$ 100 mil como suporte. Se isso ocorrer, analistas acreditam que a criptomoeda pode não apenas testar seu topo histórico, mas superá-lo ainda em 2025.

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Foto de Marcelo Roncate O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.