O Brasil no epicentro cripto: tributação e tokenização

O Brasil vem consolidando sua posição como um dos mercados mais vibrantes e dinâmicos no cenário global de criptoativos.
Com uma comunidade de entusiastas e investidores em constante crescimento, o Brasil não apenas acompanha as tendências internacionais, mas também as molda. Especialmente em áreas como a tributação, a tokenização de ativos e a adoção institucional. No entanto, essa efervescência traz consigo desafios e debates cruciais que definem o ritmo e a segurança do setor.
Tributação de criptoativos: a alíquota fixa
A questão da tributação de criptoativos no Brasil tem sido um dos temas mais quentes e debatidos entre reguladores, mercado e investidores. O governo brasileiro tem apresentado propostas que visam aumentar a arrecadação e, ao mesmo tempo, trazer mais clareza para a operação com ativos digitais.
Uma das propostas mais discutidas é a alíquota fixa de 17,5% sobre os lucros de criptoativos. Essa medida representaria uma mudança significativa, pois unificaria a forma de tributação e poderia impactar diretamente a rentabilidade dos investidores, especialmente aqueles que operam com maior frequência ou em grandes volumes.
A preocupação de muitos é que uma alíquota fixa possa desincentivar a inovação e o investimento no país, empurrando parte do capital para jurisdições com regimes tributários mais favoráveis.
O debate se aprofunda quando consideramos que essa tributação pode atingir não apenas as negociações em exchanges, mas também operações de autocustódia e o uso de finanças descentralizadas (DeFi), onde a rastreabilidade e a aplicação da regra se tornam mais complexas. A incerteza em torno da interpretação e da fiscalização nessas modalidades gera apreensão entre os entusiastas de tecnologias emergentes.
IOF nas stablecoins
Além disso, a possível aplicação de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre stablecoins é outra pauta que acende o sinal de alerta. As stablecoins, moedas digitais cujo valor é atrelado a ativos estáveis como o dólar, têm sido amplamente utilizadas para transações e como refúgio em momentos de volatilidade no mercado cripto.
A incidência de IOF sobre essas operações poderia elevar os custos de transação, diminuir a atratividade das stablecoins no país e impactar a liquidez do mercado. O argumento é que tal medida poderia equiparar as stablecoins a moedas fiduciárias em termos de tributação, ignorando as particularidades e os benefícios que elas trazem para o ecossistema digital.
Essas propostas tributárias demonstram o esforço do governo em regulamentar um setor que, até então, operava em uma espécie de limbo fiscal. A intenção é clara: garantir que os lucros gerados no mercado cripto contribuam para a receita pública, mas o desafio é encontrar um equilíbrio que não estrangule a inovação e o crescimento.
A promessa da tokenização imobiliária
Enquanto a tributação gera debates, outras frentes do mercado cripto brasileiro demonstram um potencial de crescimento e inovação notável. A tokenização de ativos, em particular o setor imobiliário, está no centro das atenções, ao lado de movimentos importantes na adoção de ETFs de criptoativos.
A tokenização imobiliária é vista como uma revolução potencial, democratizando o acesso a investimentos antes restritos a um grupo seleto de grandes investidores. Ao dividir frações de imóveis em tokens digitais, é possível negociar participações de forma mais ágil e acessível, com menores custos transacionais. No entanto, o entusiasmo é acompanhado por um debate acalorado sobre a segurança jurídica e os riscos inerentes a essa prática no Brasil.
Especialistas e órgãos como o IRIB (Instituto de Registro Imobiliário do Brasil) têm levantado questões cruciais sobre a compatibilidade dos tokens com as leis de registro imobiliário, a proteção do investidor e a prevenção de fraudes.
A falta de uma regulamentação específica e a complexidade do direito imobiliário brasileiro exigem cautela e clareza para que a tokenização possa decolar com segurança e confiança.
O pioneirismo em ETFs de XRP
Em paralelo, o mercado brasileiro tem se destacado pelo pioneirismo em produtos de investimento. A aprovação do primeiro ETF spot de XRP do mundo (XRPH11 da Hashdex) é um marco significativo. ETFs de cripto permitem investidores se expor a moedas digitais de forma regulamentada. Não precisam comprar ou custodiar os ativos diretamente.
O ETF de XRP sinaliza a aceitação da Ripple e o amadurecimento do mercado brasileiro de fundos. O Brasil vira um hub para produtos digitais inovadores.
Esse movimento atrai investidores avessos ao risco, mas interessados no crescimento do mercado cripto.
Além disso, grandes players como o Mercado Bitcoin em tokens RWA (Real World Assets). Querem exportar as “taxas de juros atrativas do Brasil” para investidores globais. Isso demonstra a visão estratégica de conectar o mercado de capitais tradicional com o universo descentralizado.
Da mesma forma, a parceria entre Matera e Circle para integrar a stablecoin USDC e a Conta Global em mais de 280 bancos e fintechs no Brasil ressalta o movimento de interoperabilidade e a busca por soluções que facilitem o uso de moedas digitais no dia a dia financeiro.
O Brasil se encontra em um ponto crucial, onde a inovação e a regulamentação caminham lado a lado. Os próximos passos em relação à tributação e à clareza jurídica para a tokenização serão determinantes para consolidar o país como um líder no cenário cripto, equilibrando o potencial de crescimento com a segurança e a transparência necessárias.
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