Bitcoin desafia volatilidade com forte entrada institucional, mas tensão no Oriente Médio acende alerta

Bitcoin atrai mais de US$ 1 bilhão em ETFs enquanto guerra entre Israel e Irã abala mercados globais.
O mercado de Bitcoin vive uma fase paradoxal: apesar da crescente tensão geopolítica no Oriente Médio e quedas expressivas no mercado cripto, o apetite institucional por Bitcoin segue robusto. Em apenas quatro dias, os fundos de índice (ETFs) de Bitcoin à vista nos Estados Unidos atraíram impressionantes US$ 1,07 bilhão em novos aportes, segundo dados da Santiment e SoSoValue.
A sequência de entradas começou no dia 9 de junho, com um fluxo inicial de US$ 386 milhões, seguido por US$ 431 milhões no dia seguinte, quando o ETF da BlackRock, o IBIT, atingiu o marco histórico de US$ 70 bilhões em ativos sob gestão, tornando-se o fundo mais rápido a alcançar esse patamar. O movimento continuou com US$ 164 milhões na quarta-feira e mais US$ 86 milhões na quinta-feira, revertendo as saídas registradas na semana anterior e elevando o saldo líquido dos ETFs de Bitcoin para US$ 45,31 bilhões, com um total de US$ 130,26 bilhões em ativos.
Esse otimismo institucional contrasta com a forte instabilidade dos preços, impulsionada principalmente pelo agravamento do conflito entre Israel e Irã. O ataque israelense a instalações nucleares iranianas provocou reações imediatas nos mercados globais. Mais de US$ 190 bilhões evaporaram da capitalização total das criptomoedas em poucas horas, levando o Bitcoin a despencar de US$ 108.369 para US$ 103.081, antes de se recuperar parcialmente para cerca de US$ 105.000.
Ao mesmo tempo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a pressão diplomática sobre o Irã, exigindo um novo acordo nuclear sob a ameaça de retaliações militares ainda mais severas. A escalada militar elevou o preço do petróleo em mais de 8% e impulsionou o ouro a novos recordes, ultrapassando US$ 3.440 por onça.
Mesmo diante do pânico inicial, parte do mercado acredita em uma retomada para o Bitcoin, enxergando-o como um refúgio de valor em meio à instabilidade global e à possível expansão monetária futura. O ex-gestor de fundos hedge James Lavish destacou que “os investidores mais inteligentes buscam ativos que não podem ser desvalorizados — e o Bitcoin lidera essa lista”.
Entretanto, não só o Bitcoin está no radar dos investidores. Os ETFs de Ethereum registraram 19 dias consecutivos de entradas líquidas, atingindo um recorde de US$ 240 milhões em um único dia, sinalizando uma possível diversificação de capital em direção ao ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi), especialmente após avanços regulatórios favoráveis ao ETH.
Apesar da recuperação parcial, o mercado permanece vulnerável a novos choques, com o Bitcoin ainda oscilando dentro de uma faixa de consolidação nas últimas seis semanas. Enquanto isso, altcoins como Solana, Dogecoin e Cardano amargaram perdas de até 12% nas últimas quedas, refletindo a aversão generalizada ao risco.