Cardano desafia o Bitcoin enquanto luta para resolver seu maior problema interno: as stablecoins

Em meio a avanços tecnológicos e dilemas de mercado, Charles Hoskinson projeta o futuro da Cardano como rival direto do Bitcoin.

O fundador da Cardano, Charles Hoskinson, reafirma sua convicção de que o maior concorrente ao domínio do Bitcoin não é outro projeto, mas a própria Cardano. Segundo ele, a plataforma evoluiu de forma consistente nos últimos sete anos, mantendo o foco na descentralização, na segurança e em uma política monetária sólida — aspectos que, em sua visão, superam limitações históricas do Bitcoin.

Hoskinson destaca inovações como o modelo Extended UTXO, que amplia a estrutura básica do Bitcoin e permite a criação de contratos inteligentes mantendo a segurança da rede. Além disso, o sistema de governança on-chain e a linguagem de programação Plutus são apontados como diferenciais que, segundo ele, concretizam ideias inicialmente discutidas no ecossistema do Bitcoin, mas jamais implementadas.

Outro ponto enfatizado é a estabilidade operacional da rede Cardano, que opera há sete anos sem interrupções, ataques ou falhas graves, utilizando um modelo de prova de participação (Proof-of-Stake) que, além de ser mais eficiente energeticamente, oferece segurança comparável à do Proof-of-Work do Bitcoin.

Apesar desse histórico técnico positivo, Hoskinson não ignora o crescente interesse institucional pelo Bitcoin, impulsionado por grandes players como BlackRock, que já detém mais de 600 mil bitcoins. Ele reconhece que, com o suporte institucional e recentes avanços tecnológicos, como a atualização Taproot, o Bitcoin tem ampliado sua atuação no mercado DeFi. Ainda assim, projeta um futuro em que o Bitcoin possa atingir valores entre US$ 250 mil e US$ 1 milhão, mas acredita que a Cardano oferece uma arquitetura mais preparada para as complexidades do setor.

Entretanto, a Cardano enfrenta hoje um obstáculo interno importante: a escassez de stablecoins dentro do seu ecossistema DeFi. Para Hoskinson, esse é o principal fator que limita o crescimento da rede. Para resolver essa deficiência, ele propôs a conversão de 140 milhões de ADA, equivalentes a aproximadamente US$ 100 milhões, em USDM, a stablecoin do próprio ecossistema Cardano.

A proposta, no entanto, gerou forte debate na comunidade. Representantes como o DRep conhecido como “Whale” alertaram que a venda de um volume tão expressivo de ADA poderia exercer pressão de venda insustentável no mercado atual, agravando a recente desvalorização de 7,5% do token, que recuou para US$ 0,63.

Hoskinson rebateu as críticas, argumentando que o mercado de ADA é suficientemente profundo para absorver a conversão de forma gradual, utilizando ferramentas como negociações OTC (over-the-counter) e estratégias de preço médio ponderado (TWAP). Segundo ele, “os mercados são profundos; podemos converter 140 milhões de ADA ao longo de uma semana sem movimentar o mercado”.

Alguns membros da comunidade sugeriram caminhos alternativos, como a emissão de stablecoins lastreadas em criptomoedas, o que permitiria ampliar a liquidez sem vender grandes quantidades de ADA, reduzindo o risco de pressão vendedora em um mercado já fragilizado.

Mesmo em meio ao debate, o reconhecimento institucional da Cardano avança. Recentemente, a blockchain foi incluída no índice revisado Crypto US Settlement Price da Nasdaq, sinalizando crescente aceitação no mercado financeiro tradicional, apesar dos desafios atuais.

O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.