Investidores recuam e Bitcoin enfrenta nova onda de incerteza

Com tensões geopolíticas elevadas e sinais mistos de demanda, investidores adotam postura defensiva enquanto o mercado de Bitcoin se recalibra.
O mercado de Bitcoin vive um momento de transição delicado, marcado por fortes oscilações de humor dos investidores e impacto direto das tensões geopolíticas globais. Após cair brevemente para US$ 98 mil, o preço da maior criptomoeda do mercado conseguiu se recuperar, estabilizando-se acima dos US$ 100 mil. Entretanto, por trás dessa recuperação aparente, os dados on-chain revelam um cenário de cautela, com investidores abandonando posições alavancadas e um enfraquecimento generalizado da demanda.
Segundo a CryptoQuant, o Indicador Estimado de Alavancagem (ELR) despencou para -0,25 em apenas três dias, atingindo níveis não vistos desde a repressão à mineração de criptomoedas na China em 2021. Essa queda abrupta no ELR sugere um movimento generalizado de desalavancagem, motivado por liquidações forçadas e fechamento voluntário de posições, principalmente após o aumento das tensões entre os EUA e o Irã.
A retração da alavancagem, embora traga um ar de pessimismo no curto prazo, pode abrir portas para oportunidades estratégicas de entrada no mercado — especialmente para investidores de longo prazo. Esse grupo, aliás, tem demonstrado resiliência, como indicado pela métrica Binary CDD de 30 dias, que se mantém em níveis baixos, sinalizando que detentores antigos não estão movimentando seus BTCs e seguem apostando em valorização futura.
Contudo, o outro lado da moeda aponta para uma desaceleração preocupante na demanda. O crescimento aparente da procura por BTC caiu de 228 mil para 118 mil BTC em um mês, e a expansão dos saldos de baleias caiu pela metade. As compras diárias de ETFs de Bitcoin também recuaram significativamente. De um pico de 9.700 BTC em abril, hoje as aquisições não passam de 3.300 BTC por dia.
Além disso, investidores do mercado futuro estão vendendo BTC para realizar lucros e abrindo novas posições vendidas, apostando na queda dos preços. Isso tem sido evidenciado pelo aumento de posições short e pela redução da participação de holders de curto prazo, que perderam cerca de 800 mil BTC desde o final de maio.
Se essa tendência de enfraquecimento persistir, o preço do Bitcoin pode romper para baixo o suporte atual e buscar os US$ 92 mil — valor que representa o “Preço Realizado On-chain” pelos traders e que, historicamente, serve como base de sustentação em ciclos de alta. Uma quebra dessa faixa pode levar o ativo a mínimos de até US$ 81 mil, reforçando a necessidade de atenção redobrada por parte dos investidores.