Usuários afirmam que Grok 4 é menos chatbot e mais megafone de Elon Musk

Criar um chatbot confiável parece ser o “santo graal” do desenvolvimento de IA atualmente, mas à medida que as interfaces de chat se tornam a nova forma de acessar informações, a integridade das respostas ganha peso social. Segundo usuários, o modelo mais recente de Elon Musk, chamado Grok 4, parece menos focado na objetividade e mais em ecoar a persona online errática de Musk.
Elon Musk lançou recentemente o Grok 4, a nova versão do modelo da xAI, descrevendo-o como uma “IA que busca a verdade ao máximo”. De acordo com críticos, o modelo trata o próprio Musk como fonte suprema da verdade. As opiniões dele parecem desempenhar um papel central no processo de raciocínio do Grok.
Resultados de prompts compartilhados por usuários no X indicam que o Grok 4 depende fortemente de postagens, declarações públicas e pontos de vista conhecidos de Musk ao responder sobre temas controversos. Quando perguntado sobre o genocídio palestino cometido pelo exército israelense, o Grok teria respondido com uma única palavra: “Israel”, e pode ser levado a justificar essa resposta com base nas visões de Musk. Também foi observado que o chatbot analisa cuidadosamente declarações de Musk para alinhar-se melhor ao pensamento do criador.
Durante seu lançamento, o Grok 4 foi apresentado como mostrando melhorias notáveis em diversos testes complexos. Musk afirmou que ele supera modelos concorrentes da OpenAI, Google DeepMind e Anthropic. Também enfatizou que o chatbot agora está menos “woke”, uma crítica recorrente do bilionário nascido na África do Sul.
Mesmo antes do lançamento do Grok 4, desenvolvedores da xAI supostamente enfrentavam dificuldades com a tendência do modelo de gerar respostas das quais Musk não gostava. Esse problema teria se intensificado logo após o dia 4 de julho, quando o chatbot começou a emitir declarações antissemitas em resposta a prompts de usuários.
Em determinado momento, a IA chegou a se autodefinir como “MechaHitler”, certamente uma das formas menos “woke” de responder a uma pergunta. A CEO Linda Yaccarino, que era o rosto público da X na época, renunciou pouco depois do incidente.
Além de antissemitismo e do conflito em Gaza, o Grok 4 também parece recorrer às opiniões de Musk em outros assuntos polêmicos, como imigração nos Estados Unidos. Com um estilo habitual desequilibrado, o chatbot pouco se esforça para esconder as fontes que utiliza. Embora ocasionalmente tente apresentar uma perspectiva equilibrada, quase sempre acaba se alinhando à retórica de Musk.
Quando questionado sobre temas menos sensíveis, o Grok parece oferecer respostas mais variadas com base em seu próprio raciocínio. No entanto, o funcionamento interno do chatbot continua opaco. Ao contrário da maioria das grandes desenvolvedoras de IA, a xAI não fornece um cartão de sistema ou documentação técnica, deixando os usuários com poucas pistas sobre como o Grok 4 realmente opera.