Volume de Futuros da Binance dispara, mas Bitcoin luta contra saídas de ETFs

Alta nas negociações de derivativos contrasta com liquidez em queda, exaustão de vendedores e incertezas macroeconômicas que pressionam o Bitcoin abaixo de US$ 115 mil.

O volume de futuros da Binance atingiu um recorde anual de US$ 2,55 trilhões em julho, consolidando a exchange como líder absoluta no mercado de derivativos. Dados da CryptoQuant mostram que a Binance supera concorrentes como OKX e Bybit com uma margem significativa, abocanhando mais da metade do volume total de futuros entre as grandes corretoras.

O aumento no volume foi impulsionado pela alta volatilidade e pelos novos recordes de preço do Bitcoin (BTC) e de altcoins no mês passado, trazendo de volta traders em busca de estratégias mais alavancadas. Entretanto, outros indicadores sugerem um cenário mais cauteloso. O número de endereços ativos mensais na Binance caiu de 800 mil em junho para 340 mil no início de agosto, uma redução de 57,5%, refletindo menor engajamento de usuários.

Além disso, as taxas de financiamento negativas em plataformas como Binance e Deribit indicam que as apostas em queda (shorts) superam as em alta (longs), sinalizando sentimento de aversão ao risco no curto prazo.

No mercado de Bitcoin, a situação é de fragilidade crescente. De acordo com a Glassnode, os sinais de exaustão dos vendedores são evidentes, com indicadores como o RSI (Índice de Força Relativa) caindo para níveis de sobrevenda, agora em 35,8. O volume no mercado à vista também mostra enfraquecimento, enquanto o Cumulative Volume Delta (CVD) recuou de -US$ 107 milhões para -US$ 220 milhões, refletindo aumento da pressão vendedora.

No mercado de derivativos, o interesse aberto (OI) de Bitcoin nos futuros caiu levemente de US$ 45,6 bilhões para US$ 44,9 bilhões, indicando um leve desmonte de posições. No mercado de opções, o OI recuou 8,4% para US$ 39,8 bilhões, com spreads de volatilidade se estreitando, o que revela menos especulação e mais busca por proteção contra quedas.

Os ETFs de Bitcoin também sofrem uma sequência de saídas nos últimos quatro dias, com os fluxos líquidos caindo 25%, para menos de US$ 270 milhões, um sinal de enfraquecimento na demanda institucional.

O cenário macroeconômico adiciona incerteza. A decisão do Federal Reserve de manter as taxas de juros inalteradas, combinada com novas tensões geopolíticas, como tarifas adicionais e movimentações militares, contribuiu para quedas acentuadas no preço do BTC, que recuou de US$ 119 mil para uma mínima de US$ 112 mil durante o final de semana.

Atualmente, o Bitcoin tenta se estabilizar próximo aos US$ 114 mil, mas permanece vulnerável a novos gatilhos negativos.

O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.