Trump autoriza investimento em Bitcoin e criptomoedas nos planos de aposentadoria 401(k)
Nova ordem executiva permite que estadunidenses aloquem parte de suas aposentadorias em ativos alternativos como Bitcoin, imóveis e ouro.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (7) uma ordem executiva que autoriza oficialmente a inclusão de criptomoedas, imóveis, private equity e ouro nos planos de aposentadoria 401(k). A medida representa uma mudança significativa na política de investimentos de aposentadoria, abrindo caminho para que milhões de estadunidenses tenham acesso regulado a ativos alternativos, incluindo o Bitcoin.
O texto da ordem determina que o Departamento do Trabalho revise as diretrizes anteriores e esclareça o papel dos fiduciários na oferta desses ativos sob as regras do ERISA — legislação que regula os planos de contribuição definida, como os 401(k). A ação ocorre após o próprio departamento, ainda sob a gestão Biden, ter restringido severamente esse tipo de exposição em 2022.
Segundo a Casa Branca, o objetivo é garantir mais liberdade de escolha aos poupadores, respeitando os padrões de responsabilidade fiduciária, mas reconhecendo que ativos como o Bitcoin podem oferecer retornos competitivos e benefícios de diversificação.
Além disso, o governo mobilizou outras agências, como o Departamento do Tesouro e a SEC (Comissão de Valores Mobiliários), para coordenar possíveis atualizações regulatórias que apoiem a implementação da nova diretriz.
Impactos para o mercado cripto
A notícia teve impacto imediato no mercado: o preço do Bitcoin subiu acima dos US$117 mil, com alta de 2% no dia. O Ethereum também reagiu positivamente, avançando 5%. A capitalização total do mercado de criptomoedas atingiu US$3,93 trilhões, e a dominância do Bitcoin se aproximou novamente dos 60%.
A expectativa é de que a liberação dos criptoativos para contas 401(k) abra uma nova porta de entrada institucional para o setor. Com um mercado estimado em US$12,5 trilhões, mesmo uma pequena alocação dos fundos de aposentadoria em Bitcoin pode gerar pressão positiva sobre os preços e aumentar a legitimidade do ativo.
A reviravolta desde 2022
Embora o interesse em adicionar cripto a planos de aposentadoria já existisse há anos — com a Fidelity, por exemplo, oferecendo exposição ao Bitcoin em 401(k)s desde 2022 —, o avanço da proposta foi barrado ainda no governo Biden. À época, o Departamento do Trabalho emitiu um alerta severo, exigindo cautela extrema por parte dos fiduciários e alertando para riscos de volatilidade e incertezas regulatórias.
Essa postura desencorajou provedores e empregadores, criando um ambiente de insegurança jurídica. Mesmo iniciativas bem estruturadas, como a da própria Fidelity com a MicroStrategy, enfrentaram baixa adoção diante da ameaça de escrutínio regulatório.
Em 2025, o cenário mudou. O Departamento do Trabalho, já sob a gestão de Trump, revogou silenciosamente a diretriz anterior em maio, reconhecendo que o texto de 2022 representava um desvio das normas tradicionais do ERISA e aplicava um viés injustificado contra ativos digitais.
“O Departamento do Trabalho da administração Biden colocou o dedo na balança. Estamos revertendo esse excesso regulatório”, afirmou Lori Chavez-DeRemer, atual secretária do Trabalho.
Agora, com a assinatura da nova ordem executiva, o governo Trump passa de uma posição neutra para uma abordagem proativa em relação aos criptoativos no sistema de aposentadoria.
O que esperar a partir de agora
Para empresas cripto e investidores, a decisão representa uma oportunidade histórica. O acesso aos 401(k)s abre um novo fluxo de capital de longo prazo para o setor, ampliando a presença das criptomoedas na economia tradicional.
Além disso, a medida pode influenciar outros países a revisarem suas próprias regulamentações sobre investimentos de aposentadoria, especialmente à medida que os ativos digitais se tornam mais populares.