Surpresa no Blockchain Rio 2025: Drex será lançado sem blockchain

Blockchain Rio 2025: Drex será lançado sem blockchain

Decisão histórica: Drex muda de rumo e abandona a tecnologia descentralizada

O Banco Central do Brasil virou o jogo e anunciou que o Drex não usará blockchain em sua primeira versão. O anúncio, feito durante o Blockchain Rio 2025, Fábio Araújo, o coordenador do projeto, explicou que a decisão busca acelerar a entrega de uma solução funcional ao público, o que surpreendeu especialistas e entusiastas da tecnologia. Clarissa Souza, auditora da instituição, confirmou a mudança. Em seguida, Fábio Araújo, detalhou os novos planos com clareza e firmeza. Em vez de utilizar redes distribuídas, como inicialmente planejado, o Drex será desenvolvido com uma infraestrutura própria e centralizada. A nova solução terá foco em agilidade, eficiência e compatibilidade com o sistema financeiro nacional, principalmente com o Pix.

A justificativa é técnica: a equipe responsável testou seis soluções baseadas em blockchain, incluindo a Hyperledger Besu. Nenhuma foi capaz de atender às exigências de privacidade, escalabilidade e segurança da instituição. Diante disso, o Banco Central optou por um caminho mais simples e controlado, com entrega prevista para 2026.

Além disso, o projeto agora se divide em duas frentes. A primeira tem como objetivo oferecer uma versão funcional, voltada para aplicações específicas, como a reconciliação de garantias. A segunda visa manter vivo o plano original de inovação, com espaço para futuras integrações com tecnologias mais robustas.

Foco na funcionalidade: interoperabilidade e privacidade guiam nova arquitetura

A principal aplicação do Drex, segundo o BC, será resolver um problema antigo no mercado de crédito: a duplicação de garantias. Instituições financeiras, até hoje, enfrentam dificuldade para verificar se um ativo foi oferecido em mais de um contrato.

O novo sistema permitirá que essa validação ocorra em tempo real, o que trará mais segurança e agilidade às operações. Mesmo sem blockchain, o modelo oferece avanços importantes. O Drex também poderá ser conectado a sistemas já consolidados, como o Pix, o que amplia ainda mais sua relevância.

Essa integração entre plataformas deve garantir uma experiência mais fluida para os usuários, com menos burocracia e maior transparência. Segundo Marcos Viriato, CEO da Parfin, essa flexibilidade mostra que o BC está pensando de forma estratégica, sem se prender a modismos.

Por outro lado, a ausência de blockchain na primeira fase não significa que a tecnologia foi completamente descartada. O Banco Central deixou claro que, caso surjam soluções mais maduras, a infraestrutura poderá evoluir e incorporar novas camadas tecnológicas.

Esse modelo escalável permite que o projeto avance de forma contínua, sempre respeitando os limites técnicos e regulatórios do país. A ideia é começar simples, mas com uma base sólida, capaz de sustentar funcionalidades mais sofisticadas no futuro.

Horizonte de longo prazo: tokenização e inovação seguem no radar do BC

O Banco Central também destacou que o Drex continua como uma das prioridades da sua agenda estratégica até 2028. Rogério Lucca, secretário-executivo da autarquia, reafirmou o compromisso com a tokenização de ativos reais, que será incorporada nas próximas fases do projeto.

A terceira fase do piloto, prevista para 2025, terá como foco o uso do Drex no mercado de crédito com garantias tokenizadas. Embora ainda não exista uma data exata para o início, a expectativa é que esse estágio avance até o primeiro semestre de 2026.

Além disso, o Banco Inter e outras instituições continuam testando soluções de tokenização em ambientes controlados. Isso mostra que a inovação financeira segue viva, mesmo fora do ecossistema blockchain tradicional.

Essa abordagem modular adotada pelo BC combina pragmatismo com visão de futuro. A decisão de abandonar a blockchain neste momento evita atrasos e aumenta a chance de sucesso da entrega. No entanto, ao manter a porta aberta para evoluções, o Banco Central preserva a essência inovadora do projeto.

Se tudo correr conforme planejado, o Drex poderá se tornar uma plataforma multifuncional. Ela permitirá liquidação de ativos digitais, contratos inteligentes e, eventualmente, integração com soluções descentralizadas.

No fim das contas, o Brasil poderá liderar a próxima geração de moedas digitais. Mas, para isso, escolheu seguir um caminho mais cuidadoso, onde a funcionalidade vem antes da ideologia tecnológica. Uma escolha que, apesar polêmica, pode se provar acertada.