Fila de saída do Ethereum volta a aquecer: 808.880 ETH no valor de US$ 3,7 bilhões retidos

O tempo de espera para realizar o unstake de Ethereum atingiu níveis inéditos, gerando intensa especulação sobre os motivos por trás dessa situação.
A segunda criptomoeda mais valiosa, o Ethereum está registrando tempos de espera sem precedentes tanto para staking quanto para unstaking, um dos usos mais populares da rede.
Membros da comunidade cripto estão surpresos e debatendo ativamente as possíveis causas desse gargalo.
Espera de duas semanas
A fila de validadores do Ethereum, usada como indicador para medir o interesse em staking e unstaking, registrou um nível de saída nunca visto antes. No momento, o tempo de espera para deixar a rede, ou seja, realizar o unstake, é de impressionantes 14 dias, com 808.880 ETH — cerca de US$ 3,7 bilhões — aguardando, devido ao limite de epoch da rede ter sido atingido.
Um epoch é o período necessário para que validadores proponham e atestem a criação de blocos, com duração média de 6,4 minutos. O churn se refere à quantidade de ETH que pode entrar e sair por epoch, funcionando como um mecanismo de segurança para evitar instabilidade. O sweep delay, de forma simplificada, é o tempo que leva para um saque chegar ao endereço da sua carteira após passar pela fila de saída.
Em comparação, a fila para iniciar o staking de ETH é cerca de metade da lista de espera, com 374.136 ETH — aproximadamente US$ 1,7 bilhão — e tempo de espera de 6 dias.
O CryptoPotato relatou recentemente um nível semelhante de atividade na fila de saída, apontando uma mudança na estratégia dos investidores, e não apenas realização de lucros com a valorização da principal altcoin.
O que pode estar causando isso?
O debate no X sobre o tempo extraordinário para fazer o unstake de ETH está intenso, com muitos investidores e traders opinando sobre o assunto.
O cofundador do serviço de oráculos Redstone, Marcin, comentou que isso pode ter começado no mês passado, quando houve um pico anterior na atividade de saída, motivado pela retirada de US$ 600 milhões em ETH do protocolo Aave feita por Justin Sun, fundador da Tron.
Quando Justin Sun retira US$ 600 milhões em ETH do Aave:
• As taxas de empréstimo e empréstimo de ETH disparam ⬆️
• O LST looping, pilar do DeFi, se torna temporariamente não lucrativo
• A taxa stETH / ETH sofre um descolamento de ~0,3% – (@marcinredstone)
Há uma estratégia popular que consiste em fazer staking de ETH no Lido, líder atual em protocolos de staking líquido. Os usuários recebem stETH, usam-no no Aave para pegar mais Ether emprestado e repetem o processo para obter maiores rendimentos. É possível que muitos traders tenham copiado essa estratégia e decidido sair quando viram Sun encerrar sua grande posição.
Um analista também apontou que o lançamento iminente dos ETFs de staking de ETH pode ter provocado um aumento no unstaking, já que investidores estariam se preparando para a estreia desses fundos após a decisão da SEC de que atividades de staking e tokens de staking líquido não são valores mobiliários.
Outro fator importante é a realização de lucros, já que o Ethereum se aproximou de sua máxima histórica de US$ 4.891,70 registrada em 2021, levando muitos traders a encerrar suas posições para garantir os ganhos.
O crescente interesse de empresas de tesouraria na altcoin de maior valor de mercado também pode estar contribuindo, já que essas companhias buscam reinvestir o que já haviam colocado em staking, agravando ainda mais a congestão na rede.