IBM e Google na corrida da computação quântica: a maior ameaça ao Bitcoin já começou

IBM, Google e Microsoft apresentam novos marcos tecnológicos, enquanto comunidade cripto acelera soluções para resistir a possíveis ataques da computação quântica.

A corrida global pela computação quântica deu passos importantes em 2025. IBM e Google anunciaram avanços que podem tornar viáveis computadores quânticos escaláveis ainda nesta década, enquanto a Microsoft revelou o chip Majorana 1, baseado em qubits mais estáveis. Esses progressos, porém, reacendem debates sobre os impactos da tecnologia na segurança das criptomoedas, em especial do Bitcoin.

A computação quântica utiliza qubits — unidades que podem estar em múltiplos estados ao mesmo tempo graças à superposição e ao emaranhamento. Isso permite realizar cálculos em escalas incomparáveis aos computadores clássicos. Contudo, a instabilidade dos qubits e a dificuldade de escalabilidade ainda são desafios centrais. Chips como o Condor, da IBM, com 433 qubits, mostraram problemas de interferência e “crosstalk”, forçando engenheiros a buscar soluções em design e materiais.

Apesar dos obstáculos, executivos de empresas como IBM e Google acreditam que máquinas funcionais em grande escala poderão surgir até o fim da década. Já pesquisadores como Oskar Painter, da Amazon Web Services, alertam que o caminho pode ser mais longo, demandando 15 a 30 anos de desenvolvimento intensivo.

Esse horizonte gera preocupação no setor de criptomoedas. A segurança do Bitcoin e de outras redes depende de algoritmos de criptografia, como a Elliptic Curve Cryptography (ECC). Computadores quânticos suficientemente poderosos poderiam, em tese, usar o algoritmo de Shor para quebrar chaves públicas e privadas, tornando possível acessar carteiras e manipular transações.

Por ora, especialistas estimam que seriam necessários milhões ou até bilhões de qubits para ameaçar seriamente o Bitcoin — um patamar ainda distante. Mas a comunidade cripto já trabalha em soluções. Pesquisadores desenvolvem algoritmos resistentes a ataques quânticos e blockchains avaliam possíveis atualizações, como soft forks que permitam transições seguras para novas carteiras.

Enquanto isso, governos e investidores reforçam seu interesse. O Pentágono, por exemplo, selecionou empresas para identificar tecnologias quânticas com maior potencial de adoção industrial, e startups como a Universal Quantum exploram alternativas como íons aprisionados e átomos neutros, que prometem maior estabilidade que os circuitos supercondutores atuais.

Apesar dos riscos, muitos especialistas veem a ameaça como mais distante do que imediata. O Bitcoin, por sua estrutura descentralizada e pela robustez de sua criptografia, pode ser mais difícil de atacar do que sistemas financeiros centralizados. Isso dá tempo para a indústria adaptar protocolos de segurança e até transformar a computação quântica em uma oportunidade, com o surgimento de moedas e blockchains “quânticas-resistentes”.

O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.