Mercado cripto de setembro e projeções para outubro

Fechamento de setembro e projeções para Outubro

Relatório do Mercado Cripto – Setembro de 2025
Fechamento do mês e projeções para Outubro

Em setembro, o mercado cripto foi guiado por duas narrativas centrais: a ascensão das altcoins e o impacto da política monetária dos EUA.

O destaque foi a rotação de capital. Nesse processo, fluxos migraram do Bitcoin para altcoins, levando o índice Altcoin Season a um recorde de 80%. Esse indicador mede o desempenho das 50 principais criptos além do BTC. Além disso, nesse mesmo período, a dominância do Bitcoin caiu para 56,7%.

Para o investidor, entender essa dinâmica é crucial. O movimento não sinaliza substituição, mas sim diversificação interna. Assim, diferentes teses de investimento ganham tração. Quando o Altcoin Season supera 75%, historicamente, isso indica maior apetite por risco.

Setembro confirmou a tendência. SOL avançou 30% no mês. Além disso, BNB rompeu US$ 1.000 e marcou novas máximas. ETH se manteve acima de US$ 4.000 na maior parte do mês, absorvendo realizações pontuais.

Ethereum em destaque

No caso da Ethereum, o desempenho superou a média. O interesse institucional cresceu. A expectativa por ETFs à vista nos EUA aumentou. Além disso, o avanço do staking como renda passiva levou o preço a novas máximas. Em 24 de agosto, a criptomoeda tocou US$ 4.956 pela primeira vez.

Apesar da euforia com as altcoins, a relevância do Bitcoin segue intacta. Em setembro, os ETFs de Bitcoin receberam entradas líquidas de US$ 2,57 bilhões. Assim, o capital de longo prazo continua tratando o ativo como reserva de valor primária. A projeção indica que o BTC pode chegar a US$ 140 mil até o fim do ano.

A performance das alts e do Bitcoin levantou uma questão: vivemos o início de uma altseason ou apenas rotação pontual? Um catalisador ajuda a explicar: a virada na política monetária do banco central dos EUA. Esse foi o principal evento macro do mês.

Macroeconomia

Em 17 de setembro, o Fed cortou a taxa básica em 0,25 p.p., o primeiro corte desde 2024. Mais relevante que o corte em si foi a sinalização de possíveis dois cortes até o fim do ano. Dessa forma, a leitura pró-risco impulsionou o S&P500 e Nasdaq. Além disso, melhorou o apetite global. Assim, a política monetária manteve papel central para ativos de risco.

O ponto-chave esteve na justificativa. O corte não decorreu de vitória sobre a inflação (o núcleo do PCE seguia em 2,9%), mas de sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho. Portanto, essa mudança de foco, da inflação para o emprego, marcou virada estratégica. Pela primeira vez em 30 anos, o Fed cortou juros com a inflação núcleo acima da meta.

No entanto, a relação entre cortes de juros e preço do Bitcoin é mais complexa. Em 2019, prevaleceu o padrão “compre no boato, venda no fato”. Em 2024, a alta coincidiu com eleições nos EUA. Portanto, ficou difícil isolar o efeito da política monetária.

Estudos quantitativos mostram correlação fraca entre expectativas de cortes e preço. Em setembro, o mercado repetiu esse padrão. Depois do impulso inicial, houve realização de lucros. Entre os dias 18 e 26, o valor do mercado cripto encolheu cerca de US$ 410 bilhões.

Essa divergência mostrou maturidade. Enquanto Wall Street comemorava liquidez global, o mercado cripto já operava com lógica de “compre o boato, venda o fato”.

Adoção global

A política do Fed pode gerar volatilidade de curto prazo. No entanto, a solidez de longo prazo vem sendo construída pela adoção global. A expansão ocorre em duas frentes: uso de cripto no dia a dia e institucionalização guiada por Wall Street.

Segundo o 2025 Global Adoption Index, da Chainalysis, o Brasil subiu para o 5º lugar no ranking global. Além disso, esse movimento se soma ao crescimento de 69% na APAC e de 63% na América Latina. A utilidade se concentra nos emergentes.

No Brasil, fatores práticos impulsionam o avanço. O uso de stablecoins para proteção cambial e remessas cresce. Além disso, o Pix, que registrou 290 milhões de transações em um único dia de setembro, cria terreno favorável para integrar cripto ao cotidiano.

Ao mesmo tempo, o capital institucional cresce de forma estrutural. Bitcoin e outras moedas digitais passaram a compor portfólios estratégicos. Em setembro, a participação institucional no BTC alcançou 19,8%, contra menos de 1% em 2014. Assim, a base de proprietários mudou e impacta volatilidade e ciclos.

Nos EUA, a SEC aprovou regras que aceleram a listagem de ETFs, reduzindo o prazo de 240 para cerca de 75 dias. Dessa forma, a entrada de novos produtos deve ocorrer já no quarto trimestre.

Regulação em evolução

O setor vive fase de transição. O ciclo de 4 anos ligado aos halvings pode estar mudando. Com as instituições detendo quase 20% do BTC, oscilações podem ser amortecidas. Além disso, a maturação regulatória fortalece o mercado.

No Brasil, a Lei 14.478/2022 e a MP 1.303/2025 avançam na definição de regras. Nos EUA, a aprovação de ETFs amplia a legitimidade dos ativos. Em Hong Kong, entrou em vigor regime para stablecoins. Na Europa, o MiCA se consolida.

Essas mudanças aumentam exigências de conformidade. No entanto, também criam base sólida para integração com o sistema financeiro global.

Conclusão

Setembro de 2025 fecha com um mercado em evolução, cada vez menos preso aos padrões iniciais. A integração com a economia global se acelera.

Para outubro, vale reforçar a disciplina. Portanto, priorize aportes fracionados, faça rebalanceamentos, mantenha caixa para aproveitar correções e defina estratégias de antemão para evitar improvisos.

*Análise sobre o mercado cripto em setembro e projeções para outubro, escrita pela Ana de Mattos, Analista Técnica e Trader Parceira da Ripio, uma das maiores plataformas de criptoativos da América Latina.