Liquidação recorde remove alavancagem excessiva e reforça fundamentos do Bitcoin

Após a queda de US$ 19 bilhões em posições alavancadas, dados on-chain indicam que o mercado segue saudável, com acúmulo de longo prazo e espaço para nova expansão
O colapso do mercado cripto em 10 de outubro marcou um dos episódios mais intensos da história recente do Bitcoin, com mais de US$ 19 bilhões em posições alavancadas sendo liquidadas em poucas horas. O evento, desencadeado por tensões comerciais entre Estados Unidos e China, derrubou preços em todo o mercado e eliminou boa parte do excesso especulativo acumulado nos derivativos.
Para a empresa de análise on-chain Glassnode, a correção foi um “reset necessário”. Segundo a consultoria, a liquidação em massa reduziu a alavancagem, ajustou o sentimento de curto prazo e forçou uma reavaliação mais realista do risco. O índice de força relativa (RSI) do Bitcoin caiu de 71,7 para 52,8, enquanto o Cumulative Volume Delta (CVD) despencou, refletindo a saída de compradores agressivos e o predomínio momentâneo da pressão vendedora.
A queda também reduziu o interesse aberto nos futuros de US$ 48,7 bilhões para US$ 45,1 bilhões, enquanto as taxas de financiamento caíram pela metade. Por outro lado, o mercado de opções mostrou sinais de reorganização, com alta de 12,9% no interesse aberto e aumento da busca por proteção. Para a Glassnode, essa movimentação representa um realinhamento saudável: os especuladores mais alavancados foram eliminados, e o capital estrutural — como fundos institucionais e ETFs — manteve-se ativo.
Mesmo após o pânico, a estrutura de longo prazo do mercado segue sólida. De acordo com dados da CryptoQuant, o índice MVRV do Bitcoin — que compara o valor de mercado com o valor realizado — está em torno de 2,0, bem abaixo do nível 4,0 que historicamente marca topos de ciclo. O dado sugere que o mercado ainda se encontra em uma fase de expansão intermediária, semelhante à observada em 2020, antes do rali que levou o BTC a novas máximas históricas.
Além disso, as reservas de Bitcoin em corretoras atingiram o menor patamar em mais de uma década, com apenas 2,4 milhões de BTC disponíveis — queda de mais de 30% desde 2020. Esse esvaziamento contínuo das exchanges indica menor pressão de venda imediata e maior preferência por armazenamento de longo prazo, um comportamento típico de investidores institucionais e de “smart money”.