Ameaças comerciais de Trump contra a China abalaram o Bitcoin: porque Matt Hougan acha que foi apenas um breve susto

Após o maior evento de liquidação da história das criptomoedas, a Bitwise afirma que não surgiram rachaduras significativas no mercado

A recente turbulência no mercado cripto, aparentemente desencadeada por um choque geopolítico, mais uma vez testou os nervos dos investidores. No entanto, Matt Hougan, diretor de investimentos da Bitwise, acredita que o episódio pode acabar reafirmando a força do atual mercado de alta.

O executivo relembrou a sequência de eventos que fez os preços das criptomoedas despencarem no fim da semana passada — apenas para vê-los se recuperarem quase tão rapidamente, embora, reconhecidamente, não no mesmo grau.

Nada mudou de forma fundamental

A queda repentina ocorreu depois que o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas abrangentes de 100% sobre todas as importações chinesas, em resposta à decisão de Pequim de restringir a exportação de metais de terras raras. Com os mercados de ações fechados, os traders buscaram um mecanismo de reação em tempo real e recorreram às criptomoedas.

Em questão de minutos, o Bitcoin despencou até 15%, enquanto as altcoins, lideradas pela Solana, caíram até 40%. Quase US$ 20 bilhões em posições alavancadas foram liquidados, no maior evento desse tipo na história das criptomoedas — o que amplificou as vendas por meio de liquidações em cascata. Apesar disso, a maioria dos ativos cripto se recuperou parcialmente depois que o governo americano suavizou seu tom.

Segundo Hougan, a questão principal é se o episódio foi apenas um breve ruído ou um sinal de fraqueza estrutural mais profunda. O executivo concluiu que nada mudou de forma fundamental na perspectiva do mercado cripto, citando os avanços em tecnologia, segurança e regulamentação.

Hougan destacou três perguntas que a Bitwise utiliza para avaliar se um choque de mercado terá efeitos duradouros: se alguma grande instituição colapsou, como os sistemas de blockchain se comportaram sob estresse e se o pânico dos investidores atingiu níveis sistêmicos. Nenhum desses sinais vermelhos apareceu. Nenhuma grande empresa ou formador de mercado quebrou, e as perdas ficaram concentradas em traders de varejo com posições altamente alavancadas.

Do ponto de vista tecnológico, plataformas descentralizadas como Uniswap, Aave e Hyperliquid continuaram operando normalmente, sem interrupções. Plataformas centralizadas, por outro lado, enfrentaram alguma turbulência. A Binance, por exemplo, reembolsou traders em algumas ocasiões. No geral, porém, o mercado cripto resistiu tão bem quanto — ou até melhor do que — os mercados tradicionais em condições semelhantes.

Os investidores institucionais em grande parte ignoraram o evento, o que parece representar um voto de confiança na trajetória de longo prazo dos criptoativos. Essa estabilidade, segundo Hougan, mostra o quanto o mercado amadureceu desde os tempos em que volatilidades semelhantes causavam pânico generalizado. O panorama mais amplo também segue positivo: o Bitcoin acumula alta de 21% em 2025, e o Índice de Criptomoedas de Grande Capitalização da Bitwise subiu 22%.

Embora a volatilidade de curto prazo possa continuar enquanto formadores de mercado e provedores de liquidez se retraem temporariamente, Hougan acredita que o mercado logo se estabilizará.

“Com o tempo, espero que o mercado recupere o fôlego e volte a focar nos fundamentos do setor cripto. Quando isso acontecer, acredito que o mercado de alta continuará em ritmo acelerado.”

Bitcoin ainda longe da euforia máxima

De acordo com uma análise on-chain da CryptoQuant, a relação MVRV do Bitcoin está atualmente próxima de 2,0. Esse nível historicamente representa uma fase intermediária de ciclo, e não uma avaliação extrema. A métrica permanece bem abaixo da faixa de 4,0 observada nos picos anteriores de mercado de alta, mas ainda acima dos níveis abaixo de 1,0 típicos de períodos de forte acumulação. Assim, os detentores de longo prazo continuam evitando grandes vendas, enquanto os fluxos institucionais em ETFs seguem dando suporte.

A atividade dos mineradores também diminuiu, o que indica menor pressão de oferta. Essas tendências sugerem que o Bitcoin está se consolidando em um ambiente de mercado construtivo e intermediário, em vez de se aproximar de um pico cíclico ou superaquecido.

O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.