Aversão ao risco global derruba o Bitcoin para US$ 104 mil

Bitcoin 104 mil

O mercado de criptomoedas enfrenta um momento de intensa volatilidade, com o Bitcoin (BTC) sendo negociado na faixa dos US$ 104 mil nesta sexta-feira. Esta queda representa um recuo significativo, refletindo uma cautela mais ampla no mercado financeiro global. A pressão de venda no Bitcoin não é um fenômeno isolado. Ela surge em meio a temores renovados sobre bancos regionais nos Estados Unidos, intensificando a aversão ao risco. Além disso, a incerteza macroeconômica e a geopolítica, como a continuidade da guerra comercial entre EUA e China, também contribuem para o sentimento de baixa. Portanto, os traders e investidores precisam de uma análise detalhada para entender este cenário complexo.

O preço do Bitcoin, que atingiu uma máxima histórica em 6 de outubro, caiu para US$ 107.600 na quinta-feira e se aprofundou nesta sexta, chegando a US$ 104 mil. A maré negativa fez com que a perda no acumulado da semana atingisse 14%. Este cenário adverso levou muitos traders a questionar o fim do ciclo de alta. Contudo, especialistas do mercado afirmam que as quedas representam, na verdade, oportunidades de compra estratégicas. Dados da CryptoQuant mostram que mineradores depositaram 51.000 BTC em exchanges nos últimos sete dias, um valor superior a US$ 5,5 bilhões. Este é o maior fluxo de saída desde julho, e historicamente esse movimento de venda pelos mineradores costuma anteceder uma fraqueza de preço.

Sinais técnicos de alerta e a crise bancária nos EUA

A pressão no mercado cripto ganhou força após notícias preocupantes no setor bancário dos EUA. O banco regional Zion, por exemplo, revelou um prejuízo de US$ 50 milhões no terceiro trimestre devido a dois empréstimos problemáticos. Outras instituições, como Jefferies e Western Alliance, também reportaram exposições a empresas em falência ou envolvidas em processos de fraude. Tais acontecimentos reacenderam o medo de uma nova crise bancária regional, aumentando rapidamente a aversão ao risco entre os investidores. Assim, o dinheiro busca refúgio em ativos mais seguros, como o ouro e títulos do governo.

Além disso, os indicadores técnicos do Bitcoin reforçam o sentimento de baixa. O delta skew das opções de Bitcoin subiu acima de 10%, mostrando que traders profissionais estão pagando um prêmio por opções de venda (puts). Em condições normais, este indicador varia entre -6% e +6%, então uma leitura acima de 10% sinaliza um sentimento de baixa acentuado. Mais importante ainda, o skew piorou desde a semana anterior, sugerindo que os traders estão cada vez mais duvidosos quanto ao ímpeto de alta do Bitcoin.

Outro dado alarmante vem do mercado de derivativos. Mais de US$ 1,09 bilhão em posições foram liquidadas nas últimas 24 horas, segundo dados da CoinGlass. A maior parte dessas liquidações ocorreu entre os que estavam comprados em Bitcoin, ou seja, apostando na alta do ativo. A pressão de venda se estendeu aos ETFs de Bitcoin à vista nos EUA. Eles registraram uma saída líquida diária de US$ 536,4 milhões, o maior fluxo negativo desde agosto. Na semana, as retiradas somam US$ 864,5 milhões.

Ouro em alta recorde e o risco de queda abaixo de US$ 100 mil

O clima negativo não se limitou ao mercado cripto. O ouro atingiu uma nova máxima histórica na quinta-feira, alcançando US$ 4.300, um aumento de 23% desde setembro. Por conseguinte, a demanda por títulos do governo dos EUA de curto prazo também disparou. Os rendimentos dos títulos de dois anos do Tesouro dos EUA caíram para o nível mais baixo em mais de três anos. Isso mostra que os investidores estão dispostos a aceitar retornos menores em troca da segurança oferecida por ativos garantidos pelo governo.

Nesse contexto, a relação BTC/Ouro parece mais sobrevendida desde novembro de 2022. O índice de força relativa (RSI) de 14 dias para a relação Bitcoin-Ouro caiu para 22,20. Leituras abaixo de 30 são geralmente interpretadas como condições de sobrevenda, indicando que o Bitcoin sofreu pressão de venda significativa em comparação ao ouro. No entanto, uma leitura de sobrevenda do RSI por si só não garante uma reversão imediata de alta. Essa condição técnica requer confirmação por outros indicadores. Apesar disso, os touros depositam esperanças em uma possível rotação de capital do ouro, atualmente em alta, para o Bitcoin.

gráfico btc/ouro
Relação BTC/Ouro com seu RSI de 14 dias. (TradingView)

O cenário técnico de baixa é reforçado pela “cruz da morte” recentemente confirmada.

Este é o cruzamento de baixa das médias móveis simples (MMS) de 50 e 200 dias. Essa configuração sugere espaço para a continuação da liquidação em curso no BTC. O preço do Bitcoin denominado em dólar pode, portanto, testar a extremidade inferior do canal de expansão. Este nível está atualmente abaixo de US$ 100.000. A média móvel simples (MMS) de 50 semanas, em torno de US$ 101.700, continua sendo um nível de suporte crítico. Durante a alta iniciada no início de 2023, essa média móvel forneceu consistentemente uma base confiável para o preço.

gráfico btc/usd
Gráfico diário do BTC/USD. (TradingView)

A visão de trader: paciência e oportunidades no horizonte

O S&P 500 e o Dow Jones US Select Regional Banks Index também registraram quedas significativas na quinta-feira. Isso comprova que a turbulência é um reflexo do agravamento da macroeconomia dos EUA e da aversão ao risco global. A confirmação do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a continuidade da guerra comercial com a China também pesou sobre o sentimento do mercado. Portanto, a instabilidade é generalizada.

Apesar dos riscos de uma queda abaixo de US$ 100 mil, os traders de Bitcoin devem ter paciência. O cenário técnico exige sinais mais claros de uma reversão de tendência antes que se possa esperar uma recuperação sustentada. O momento atual, embora desafiador, cria oportunidades de compra para aqueles com visão de longo prazo. O mercado cripto sempre se recupera, e a história tem mostrado que correções são momentos ideais para acumulação.

Em suma, o Bitcoin enfrenta uma forte pressão de venda, caindo para a faixa dos US$ 104 mil em meio a temores bancários nos EUA e a sinais técnicos de baixa, como a sobrevenda recorde em relação ao ouro. A saída maciça de capital de ETFs e o aumento das liquidações reforçam a cautela do mercado, que busca refúgio no ouro e títulos. No entanto, o nível de suporte crucial em torno de US$ 101.700 pode ser a chave para evitar uma queda abaixo de US$ 100 mil.