Zcash, Monero e Dash lideram em meio à cautela do mercado

O retorno do anonimato no ecossistema cripto
Enquanto grande parte do mercado de criptomoedas atravessa um período de correção, um grupo específico de ativos segue na direção oposta. Zcash (ZEC), Monero (XMR) e Dash (DASH) voltaram a ganhar destaque ao desafiar a tendência de baixa e reacender o debate sobre o valor da privacidade financeira. Em meio à retração global, esses tokens estão em forte ascensão, com a Zcash subindo 211%, a Dash avançando 186% e o Monero crescendo 5% no mês. Além disso, a capitalização de mercado da Zcash ultrapassou a da Monero, consolidando uma nova liderança entre as moedas de privacidade.
O movimento não parece isolado. Cada ciclo do mercado cripto traz uma narrativa dominante: 2021 foi o ano do DeFi, 2022 o dos NFTs e 2023 o da inteligência artificial. Agora, em 2025, a história muda novamente — o foco está no direito de desaparecer do radar financeiro. Com o avanço das moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) e o aumento das exigências de KYC em corretoras, cresce o apelo por alternativas que preservem a soberania e o anonimato.
Assim, em um cenário de vigilância crescente e regulação mais rígida, as moedas de privacidade resgatam o propósito original do universo cripto: a autonomia sobre o próprio dinheiro. O sucesso recente de Zcash, Monero e Dash reflete mais do que ganhos de preço — revela uma mudança de mentalidade entre investidores e traders.
Zcash e Dash lideram os ganhos e a atenção do mercado
Segundo dados da CoinGecko, Zcash, Dash e Monero figuraram entre os principais nomes na lista de tendências da semana, impulsionados por forte volume de buscas e negociações. O Zcash lidera com uma alta de 15,7% nas últimas 24 horas, sendo negociado a cerca de US$ 439,79. Seu valor de mercado supera US$ 7,1 bilhões, com um volume diário de US$ 1,45 bilhão. No acumulado, os ganhos chegam a 63% na semana e impressionantes 191% no mês — um salto que representa 1.091% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A Dash segue na mesma direção. O ativo valorizou 29,5% no último dia, alcançando US$ 61,44 e movimentando cerca de US$ 322 milhões em 24 horas. Com aumentos de 50% na semana e 84% no mês, a Dash retoma relevância após anos de baixa visibilidade. Seu avanço reforça a percepção de que a privacidade não é apenas uma questão ideológica, mas uma necessidade prática em regiões com sistemas financeiros frágeis.
O Monero, por sua vez, mantém sua postura mais estável, valorizando 8,3% nas últimas 24 horas e sendo negociado a US$ 347,63, com volume de US$ 134 milhões. Embora o crescimento seja mais moderado, sua reputação como o padrão-ouro da privacidade digital permanece intacta. O protocolo continua sólido, e seu uso segue em alta em contextos em que o sigilo financeiro é essencial.
De acordo com a atualização de 3 de novembro de 2025, os preços atuais são: ZEC a aproximadamente US$ 388,43 (R$ 2.089,75), XMR a US$ 332,24 (R$ 1.800,77) e DASH a US$ 89,85 (R$ 483,37).
Tecnologias e narrativas por trás da valorização
O que diferencia essas criptomoedas é sua abordagem única para garantir privacidade. O Zcash oferece anonimato opcional: seus usuários podem escolher entre endereços transparentes ou blindados, e as transações protegidas utilizam zk-SNARKs — uma tecnologia de prova de conhecimento zero que valida transações sem expor dados sensíveis. Além disso, a Zcash permite o uso de “chaves de visualização”, oferecendo equilíbrio entre confidencialidade e conformidade regulatória.
O Monero é privado por padrão. Seu sistema utiliza RingCT e endereços furtivos, tornando quase impossível rastrear transações. Esse modelo, altamente descentralizado, garante autonomia total, mas atrai atenção regulatória devido às normas de combate à lavagem de dinheiro (AML) e às regras KYC. Já a Dash combina agilidade e privacidade, destacando-se como uma solução eficiente de pagamentos rápidos. Após reposicionar sua imagem, a moeda encontrou novo impulso em regiões que buscam transações seguras sem exposição excessiva.
Portanto, a recente valorização dessas moedas não é apenas um movimento especulativo. Trata-se de uma resposta direta ao avanço da rastreabilidade global e à crescente preocupação com a vigilância digital.
Privacidade como resistência e novo valor de mercado
O aumento na procura por essas moedas também está ligado à percepção de que o controle gera resistência. À medida que governos e instituições financeiras expandem mecanismos de monitoramento, cresce o interesse por soluções que devolvam autonomia aos usuários. A privacidade, antes vista como uma camada técnica opcional, volta a ser considerada um valor essencial — tanto ético quanto econômico.
O mercado global de criptomoedas mantém um valor total próximo de US$ 3,78 trilhões, e o Bitcoin domina 57,9% desse montante. Apesar de representarem uma fatia menor desse universo, Zcash, Monero e Dash demonstram que ainda há espaço para narrativas descentralizadas baseadas na liberdade individual. Assim, o renascimento das moedas de privacidade sinaliza mais do que uma tendência passageira: é um lembrete de que o anonimato digital continua a ser uma das fronteiras mais valiosas da era cripto.
- Veja também: Divergência do XRP em relação ao Bitcoin