Mineração de Bitcoin enfrenta pressão histórica com queda na lucratividade

A mineração de Bitcoin atravessa um dos períodos mais intensos dos últimos anos. A dificuldade em níveis recordes, somada ao preço de hash em mínima histórica, elevou os custos e reduziu drasticamente a rentabilidade. Além disso, o mercado segue pressionado desde outubro, reforçando um ambiente desafiador para todos os participantes.
Dificuldade recorde, preço de hash mínimo e rede sob pressão
O setor de mineração é parte essencial do funcionamento do Bitcoin, pois garante segurança, validação e descentralização. No entanto, o cenário recente elevou as tensões. No dia 3 de novembro, a dificuldade de mineração atingiu 155 trilhões. Esse número representa o maior patamar já registrado, o que torna o processo mais competitivo. Ao mesmo tempo, o preço de hash despencou para US$ 34,49 por PH/s, segundo o Hashprice Index. Essa queda superior a 50% em poucas semanas levou o indicador ao menor nível de toda a história.
Essa combinação de variáveis reduziu a receita bruta dos mineradores. Um operador com 1 PH/s gera apenas US$ 34,49 por dia antes de custos. Portanto, a atividade se tornou significativamente menos lucrativa, principalmente porque a dificuldade elevada exige maior poder computacional e, consequentemente, maior consumo de energia. No entanto, a rede continua robusta, o que destaca a resiliência do ecossistema mesmo diante de um ambiente adverso.

A pressão sobre os mineradores ocorre em paralelo a uma queda de aproximadamente de 31% no preço do BTC em relação ao pico de US$ 126 mil. O mercado cripto não conseguiu consolidar suportes em US$ 95 mil ou US$ 90 mil, e a região de US$ 86 mil não demonstrou força para estabelecer um fundo claro. Além disso, o prolongado período de aversão ao risco desencadeou liquidações e aumentou a capitulação, enquanto investidores de longo prazo reduziram suas posições e ETFs registraram saída de capital contínua. Assim, a fragilidade estrutural ampliou o impacto sobre os fundamentos do Bitcoin.
A perda de US$ 1 trilhão em valor total de mercado ao longo de seis semanas reforçou o clima negativo. O índice STH NUPL atingiu mínimas extremas, indicando que participantes de curto prazo abandonaram posições em volume relevante. Embora isso sinalize um estresse profundo, ainda não representa um ponto claro de reversão. A continuidade dessa pressão pode empurrar mineradores para novos desafios, especialmente aqueles com margens mais apertadas.
Lucratividade mínima, custos elevados e risco crescente para mineradores
A lucratividade da mineração recuou para 0,0334 USD/dia por 1 TH/s, registrando o menor valor desde 2023. A métrica mostra que um minerador com 1 TH/s lucra algo próximo de três centavos por dia, o que reforça a dificuldade em manter operações sustentáveis. Depois do halving, a recompensa por bloco caiu para 3,125 BTC. Por isso, os operadores precisam de preços mais altos para compensar a redução da emissão e os custos maiores gerados pela dificuldade recorde.
O custo médio de produção do Bitcoin subiu para US$ 112 mil. Assim, minerar um BTC tornou-se aproximadamente 1,3 vezes mais caro que o preço atual de mercado. Embora grandes operações consigam sustentar por mais tempo suas máquinas com eficiência superior, a pressão afeta toda a cadeia. A capitulação começou a se espalhar além das operações menores, pois a combinação entre receita mínima, custos crescentes e quedas no preço dificulta qualquer alívio imediato.
Além disso, a falta de recuperação consistente no gráfico do BTC adiciona incerteza. A ausência de suportes firmes reforça a possibilidade de novos recuos, o que agravaria ainda mais a situação dos mineradores. Assim, caso o mercado continue fraco, a saída de participantes pode se intensificar. Isso reduziria o hash rate, tornaria a rede mais vulnerável e poderia prolongar o ciclo de pressão.
Entretanto, o ambiente não é apenas negativo. A resiliência observada até agora mostra que parte significativa da rede permanece ativa mesmo com condições adversas. Portanto, a possibilidade de estabilização existe caso o preço encontre suporte ou caso uma nova onda de demanda retorne ao mercado. Ainda assim, o equilíbrio atual é delicado, e o desempenho dos próximos dias será crucial para definir se os mineradores continuarão absorvendo essa pressão ou se uma nova fase de ajuste profundo se iniciará.