Base acelera expansão no Brasil e mira nova leva de desenvolvedores

Base visa expansão no Brasil com foco em desenvolvedores e novos usuários

A Base, rede blockchain criada pela Coinbase, intensifica seu movimento para transformar o Brasil em um dos principais polos da Web3 na América Latina. A estratégia combina expansão tecnológica, atração de talentos, estímulo a empreendedores e maior aproximação com investidores e construtores locais. Segundo Xen Baynham-Herd, head global de crescimento da Base, o país reúne uma mistura rara de fatores: alto nível de adoção de criptomoedas, forte demanda por stablecoins e uma comunidade de desenvolvedores que cresce em qualidade e quantidade. Essa combinação coloca o Brasil entre os mercados mais promissores para o avanço da economia on-chain.

Desde o início, Baynham-Herd reforça que a missão da Base é promover o crescimento de uma economia digital acessível, em que usuários possam transacionar, criar e utilizar aplicativos on-chain com simplicidade.
Para isso, a rede opera em três frentes complementares: Primeiro, investe na expansão da camada dois do Ethereum, onde busca reduzir custos, aumentar a velocidade e tornar o uso de blockchain mais fluido. Em seguida, desenvolve produtos que apoiam a criação de aplicativos, estimulando a entrada de novos empreendedores. E, por fim, trabalha no Base App, plataforma que integra funcionalidades sociais, pagamentos e acesso direto a experiências da economia digital.

Expansão no Brasil

A estratégia avança em duas direções principais. De um lado, a Base no Brasil busca ampliar a utilização da rede, promovendo maior circulação de aplicações descentralizadas. De outro, quer aprofundar vínculos com a comunidade local, criando um ecossistema ativo que una desenvolvedores, investidores, criadores de conteúdo, traders e usuários finais. Baynham-Herd enfatiza que esse processo exige presença local e construção conjunta. Assim, a empresa mantém um calendário de iniciativas voltadas ao engajamento de desenvolvedores, como hackatons destinadas a quem deseja criar soluções sobre a rede. Entre os programas destacados, aparece o Base Batches, definido por ele como uma grande hackaton que reúne times interessados em construir novos produtos on-chain.

Expansão com foco em empreendedores, produtos e adoção local

Além dos eventos, a Base começou em Florianópolis um projeto experimental que reúne cinquenta times de startups em uma “casa de fundadores”. O espaço funciona como um hub de inovação no qual equipes recebem mentorias, orientações sobre pitches e suporte no desenvolvimento de produtos. A iniciativa reforça a visão da empresa de que o avanço da Web3 depende de empreendedores capacitados e de ambientes que incentivem a criação de soluções práticas.

Baynham-Herd observa que o Brasil figura entre os países com maior adoção de criptomoedas, ocupando o quinto lugar no ranking global da Chainalysis. Além disso, a demanda por stablecoins cresce tanto entre usuários quanto entre empresas, especialmente em momentos de volatilidade macroeconômica. Ele também destaca o interesse de fundos de venture capital por projetos que utilizam tecnologia blockchain, o que contribui para impulsionar novos negócios. Segundo o executivo, o mercado brasileiro apresenta demanda consistente por ferramentas que facilitem a movimentação de ativos digitais, já que muitos usuários buscam alternativas mais eficientes e acessíveis para transações financeiras.

Embora a estratégia se concentre principalmente no Brasil, a Base considera o país parte de um movimento maior na América Latina, que inclui avanços no México e na Argentina. Contudo, Baynham-Herd afirma que o território brasileiro funciona como ponto focal, tanto por seu tamanho quanto pelo dinamismo do mercado local.

Stablecoins, tokenização e o avanço do Base App

Entre as tendências observadas pela equipe da Base, destaca-se o uso crescente de stablecoins lastreadas em moedas locais. Ele acredita que a busca por alternativas ao dólar, somada à programabilidade desses ativos, deve acelerar a adoção. Baynham-Herd menciona inclusive a possibilidade de agentes de inteligência artificial executarem pagamentos e tarefas de forma autônoma usando stablecoins. Em paralelo, afirma que a tokenização de ativos tende a ampliar o acesso a produtos financeiros, especialmente em países emergentes, onde muitas vezes é mais simples adquirir dólares digitais do que manter contas bancárias tradicionais.

Sobre CBDCs, ele avalia que existem desafios técnicos e econômicos, sobretudo em relação ao impacto sobre a criação de crédito. Nesse sentido, vê espaço para stablecoins emitidas pelo setor privado como alternativas mais flexíveis.

O plano de crescimento inclui também atrair desenvolvedores que ainda não atuam no universo cripto, ampliando o alcance da rede. Para acelerar esse processo, a empresa aposta no Base App, descrito como um “app de tudo”. A plataforma pretende simplificar o uso cotidiano de cripto, oferecendo recursos que unem pagamentos, interações sociais, moedas de criadores, mercados de previsão e possibilidades de rendimento. O aplicativo já acumula uma lista de espera de um milhão de pessoas e deve ser lançado em dezembro. O foco inicial será um feed social que integra conteúdo e transações, aproximando usuários comuns do ecossistema on-chain.