Bitcoin perde direção e Ethereum segura firme

O mercado cripto entrou em dezembro com expectativa elevada, mas o ambiente rapidamente mudou diante da volatilidade intensa. Além disso, a correção recente do Bitcoin revelou fragilidades estruturais que já vinham se acumulando ao longo de novembro. Ainda assim, alguns sinais mostram que nem tudo aponta para fraqueza absoluta no curto prazo.

Pressão renovada sobre o Bitcoin e impacto nas altcoins

O Bitcoin iniciou a semana com força após recuperar a zona acima de US$ 90.000, porém perdeu tração à medida que fortes saídas de ETFs e uma clara desalavancagem no mercado de derivativos atingiram o preço. O movimento empurrou o ativo para abaixo de US$ 91.000 durante a manhã europeia, após ter marcado US$ 94.200 na máxima semanal. Assim, o clima de alívio durou pouco.

 Bitcoin. Fonte: TradingView

Enquanto isso, o restante do mercado acompanhou a pressão. TAO, HYPE e NEAR caíram mais de 6,5% nas últimas 24 horas, reforçando a aversão ao risco. O comportamento das altcoins também refletiu a queda abrupta vista no início de dezembro, quando o Bitcoin afundou de US$ 91.000 para menos de US$ 84.000 em poucas horas. Contudo, compradores intervieram rapidamente e impediram que o preço testasse novamente a zona de US$ 80.000.

Ainda no universo das altcoins, o Ethereum chamou atenção por outro motivo. Menos de um dia após a atualização Fusaka, o ETH devolveu grande parte dos ganhos iniciais. A queda de 2,62% apagou o entusiasmo pós-update e expôs uma fragilidade mais ampla no mercado secundário. No entanto, o cenário técnico do Ethereum apresenta nuances importantes que diferenciam seu comportamento do restante do setor.

A estrutura de médio prazo e a “zona saudável” do Ethereum

Mesmo com oscilações significativas, o Ethereum permanece em um ponto de equilíbrio relevante. A métrica NUPL opera próxima de 0,22, o que indica que os detentores ainda mantêm lucros moderados. Portanto, o ETH continua longe de um estado de capitulação, embora já tenha se afastado do clima de euforia. Esse intervalo costuma ser interpretado como uma “zona saudável”, pois o mercado não trabalha sob pressão extrema nem sob otimismo irracional.

Em contrapartida, a performance das demais altcoins no período mostra um ambiente ainda vulnerável. XRP caiu mais de 6%, HYPE despencou 12% e ZEC perdeu quase 20%. Embora o Bitcoin tenha recuperado a faixa dos US$ 94.000 em movimentos intradiários, não conseguiu sustentar o avanço, devolvendo mais de US$ 3.000 desde então. Assim, o sentimento segue dividido entre tentativa de recuperação e medo de nova pressão vendedora.

Expectativas para os próximos dias

A atenção agora se concentra na reunião do FOMC, que pode definir o ritmo de liquidez para os ativos de risco. Como a probabilidade de corte de 25 pontos-base supera 90% na Polymarket, traders observam o gatilho como possível combustível para uma reação mais consistente. Contudo, a estrutura ainda não aponta para retomada plena, especialmente porque o Bitcoin segue incapaz de sustentar rompimentos e as altcoins continuam frágeis.

Dessa forma, o mercado vive um momento dividido: pressão de curto prazo, tentativa de recuperação e sinais pontuais de resiliência — com o Ethereum se destacando tecnicamente, enquanto o Bitcoin define o ritmo da próxima direção.