Quantia mantida pela Tether em banco é supostamente inexistente
Mais uma da Tether…
No dia 5 de novembro, o Webitcoin veiculou uma notícia na qual foi analisada a reserva de USD da Bitfinex. Na oportunidade, foi tratada a suspeita relação entre Tether e Bitfinex, que dividem o mesmo CEO, além de ser levantada a questão se a Tether, além da Bitfinex, possui lastro real para seus tokens USDT.
- Leia mais: Itaú e empresa britânica se unem para criar plataforma Blockchain para pequenos empréstimos
Nenhuma conclusão foi feita no artigo, além da que podia ser feita com as informações disponíveis: todo cuidado com o token USDT é pouco. O próprio CEO da Binance, maior plataforma de troca de criptomoedas do mundo em volume diário, Changpeng Zhao, afirmou em agosto sobre a USDT:
“Sempre há preocupação.”
Apesar de toda a polêmica envolvendo a Tether, sobre ela nunca ter sido auditada por um órgão terceirizado e de confiança, além da empresa nunca conseguir um parceiro bancário durável, no dia 5 de novembro ela anunciou um novo parceiro bancário, após a última instituição ocupando essa posição falir. O novo parceiro anunciado foi o Deltec Bank, das Bahamas – que até tem um pé no escândalo da Odebrecht no Brasil – sendo depositados US$1,8 bilhão nos cofres da instituição.
Ao fechar a parceria com o Deltec Bank, a instituição financeira emitiu uma carta “comprovando” a existência de lastro em dólares para os tokens USDT – entre aspas, pois no mesmo documento a instituição financeira se isenta de responsabilidade sobre o que foi atestado.
Então temos as seguintes informações: pareamento da Tether é opaco, pois a empresa nunca foi auditada por uma companhia terceira; Tether e Bitfinex dividem uma relação próxima; a empresa que emite a maior stablecoin do mercado supostamente tem o seu lastro “confirmado”.
Ontem, o Radar BTC trouxe uma publicação do Banco Central das Bahamas, sendo esta um documento que revela a quantidade total depositada no país. O US$1,8 bilhão supostamente depositado pela Tether não entrou na contagem: a diferença entre os meses foi de US$6,72 bilhões para US$6,77 bilhões.
As coisas ficam ainda mais estranhas se considerarmos a notícia veiculada ontem, sobre a Bitfinex ter cancelado seu sistema de saques “especiais” da Tether. Anteriormente, qualquer USDT retirada através da exchange saía em uma proporção 1:1, independente da cotação do token. Contudo, a Bitfinex parece ter decidido se afastar e “igualar” o mercado das stablecoins – algo muito estranho, já que as empresas possuem o mesmo CEO e as taxas de USDT são muito maiores em relação às stablecoins concorrentes. Resumindo: foi um tiro no pé.
Porém, talvez as coisas façam mais sentido agora. O que a Tether talvez esteja planejando é uma saída forçada do mercado, sabotando suas próprias operações – e a Bitfinex se afastou para não ser arrastada em subsequentes controvérsias.
Até que a Tether se manifeste e explique a situação, a conclusão é a mesma do primeiro artigo mencionado aqui: procedam com cautela e comprem USDT apenas se for extremamente necessário.