Bitcoin cai sob pressão enquanto debate sobre rotação do ouro ganha força

O Bitcoin tenta recuperar a região de US$ 90.000, mas continua limitado abaixo desse nível psicológico. O ativo mostrou pequenos repiques nos últimos dias; no entanto, a falta de continuidade compradora reforça a visão de fraqueza estrutural no mercado.

A volatilidade segue alta e as tentativas de alta perdem força com rapidez. Assim, cresce a expectativa entre analistas de que o ativo possa entrar em uma fase mais prolongada de baixa. Em derivativos e no mercado à vista, o sentimento tornou-se mais cauteloso, refletindo redução no apetite por risco.

Esse contexto reacende um debate antigo no setor cripto: a possível rotação de capital do ouro para o Bitcoin. O tema voltou ao centro das discussões após o ouro registrar nova máxima histórica acima de US$ 4.420 por onça. Com isso, o interesse sobre uma migração de investidores para o ativo digital voltou a ganhar espaço.

Historicamente, esse debate surge quando ativos defensivos apresentam forte desempenho. Além disso, muitos participantes consideram que o Bitcoin pode agir como reserva de valor alternativa. No entanto, a empresa Darkfost afirma que essa tese carece de evidências concretas. Segundo a análise, não há dados consistentes que provem que investidores deixam o ouro para comprar diretamente Bitcoin.

Avaliação da tese de rotação do ouro

Para investigar o tema, a Darkfost desenvolveu um modelo comparativo com o objetivo de identificar possíveis períodos de rotação sem sugerir causalidade. O ponto central é que dados on-chain e de mercado não comprovam que o capital saindo do ouro é o mesmo que entra no Bitcoin.

A metodologia proposta considera rotação apenas quando o Bitcoin opera acima da média móvel de 180 dias enquanto o ouro fica abaixo da sua média. Em teoria, isso indicaria vantagem para o ativo digital. Por outro lado, quando ambos estão abaixo de suas médias, o sinal é negativo e sugere apenas aversão ao risco.

Gold - Bitcoin Rotation | Source: CryptoQuant
Gold – Bitcoin Rotation | Source: CryptoQuant

A análise histórica mostra que os sinais não são consistentes. Em determinados ciclos, períodos apontados como rotação não resultaram em alta sustentada. Em outros, o Bitcoin subiu independentemente do comportamento do ouro. Portanto, os movimentos parecem mais influenciados por fatores macroeconômicos, liquidez global e posicionamento institucional.

Técnicos indicam fraqueza do Bitcoin abaixo de níveis importantes

Nos gráficos, o Bitcoin tenta estabilizar após forte correção recente. No entanto, a estrutura segue frágil. A região de US$ 90.000, que antes funcionava como suporte, agora age como forte resistência. Embora o repique mais recente demonstre algum interesse comprador, ele ainda não altera a tendência de baixa iniciada após as máximas de outubro.

O ativo opera abaixo da média móvel de 50 períodos no gráfico de três dias. Essa média já se inclina para baixo, mostrando enfraquecimento do impulso. Assim, qualquer recuperação abaixo dessa marca tende a ser apenas correção temporária.

A média móvel de 100 períodos, entre US$ 85.000 e US$ 86.000, atuou como suporte na última reação. Caso esse nível seja perdido, o preço pode buscar a média de 200 períodos, próxima dos US$ 80.000.

A correção foi acompanhada de volume expressivo, enquanto o repique ocorreu com baixa participação. Portanto, o mercado permanece em zona inferior, com topos descendentes e volatilidade reduzida.

Para melhorar o cenário, seria necessário recuperar e sustentar o preço acima de US$ 90.000 e da média de 50 períodos. Até que isso ocorra, o viés de baixa continua predominante.

No curto prazo, o desempenho recorde do ouro, a falta de confirmação da tese de rotação e a fraqueza técnica do Bitcoin mantêm o mercado atento. Esses fatores ajudam a explicar por que o ativo enfrenta dificuldade para recuperar níveis relevantes, pressionando sua estrutura de preço.