Bitcoin recua e ações cripto ampliam perdas
O mercado de criptomoedas iniciou a semana sob pressão, com o Bitcoin liderando as perdas e as ações ligadas ao setor registrando quedas ainda mais intensas. Esse movimento ocorre, sobretudo, em meio a vendas motivadas pela compensação de perdas fiscais, um comportamento típico do fim de ano. Além disso, a baixa liquidez do período tende a amplificar oscilações.
Na terça-feira, o Bitcoin recuou cerca de 1% nas últimas 24 horas, sendo negociado pouco abaixo de US$ 88.000. O movimento chama atenção porque ocorre em um cenário contrastante. Enquanto isso, ativos tradicionais como ouro, prata e cobre chegaram a renovar máximas históricas, apesar de uma leve correção no pregão da tarde. Já no mercado acionário, os índices americanos avançaram de forma moderada, com o Nasdaq registrando alta de 0,45%.
Ações cripto sofrem quedas mais intensas que o Bitcoin
Embora a queda do Bitcoin tenha sido relativamente contida, as ações ligadas ao setor cripto apresentaram perdas significativamente maiores. Nesse sentido, as empresas de gestão de ativos digitais, que já figuram entre as de pior desempenho no acumulado do ano, foram novamente as mais penalizadas.
A Strategy (MSTR) caiu 4,2%, enquanto a XXI (XXI) recuou 7,8%. Já a ETHZilla (ETHZ) registrou uma queda expressiva de 16%, ao passo que a Upexi perdeu 9%. Além disso, outras companhias relevantes do setor, como Gemini (GEMI), Circle (CRCL) e Bullish (BLSH), também apresentaram recuos próximos de 6%.
Esse comportamento reforça, portanto, a leitura de que o mercado acionário cripto segue mais sensível a ajustes táticos de portfólio. Por outro lado, o Bitcoin, apesar da volatilidade, mostra maior resiliência relativa nesse movimento específico.
Compensação de perdas fiscais pressiona o mercado
De acordo com analistas do fundo de hedge de ativos digitais QCP Capital, a compensação de perdas fiscais surge como um dos principais vetores de pressão no curto prazo. Esse fator tende a ganhar força, sobretudo, em períodos de baixa liquidez, como o fim do ano.
Na prática, investidores vendem ativos desvalorizados para realizar prejuízos contábeis e, assim, reduzir a carga tributária futura. Segundo Paul Howard, diretor sênior da corretora Wincent, esse comportamento é recorrente nessa época. Além disso, gestores costumam reduzir exposição a ativos de risco antes do encerramento do exercício, evitando carregar posições mais voláteis nos balanços anuais.
Mercado de derivativos indica maior fragilidade
Outro ponto relevante destacado pela QCP é a queda contínua no interesse em aberto dos contratos futuros perpétuos de Bitcoin e Ether. Segundo a gestora, o interesse em aberto diminuiu cerca de US$ 3 bilhões no BTC e US$ 2 bilhões no ETH. Como resultado, a alavancagem caiu, tornando o mercado mais vulnerável a oscilações abruptas.
Esse cenário é agravado, ainda, pelo vencimento recorde de opções no Boxing Day. Esse evento representa mais de 50% das posições em aberto na Deribit. Embora o posicionamento pessimista tenha diminuído, a manutenção de opções de compra no nível de US$ 100.000 sugere um otimismo residual. No entanto, esse sentimento permanece frágil e condicionado à volta da liquidez.
Perspectivas se estendem até o início de 2026
Apesar da volatilidade atual, a QCP avalia que os movimentos impulsionados por fatores sazonais tendem a perder força com a virada do ano. Historicamente, oscilações associadas aos feriados costumam se dissipar à medida que a liquidez retorna aos mercados.
Ainda assim, olhando adiante, Paul Howard projeta um período prolongado de consolidação. Segundo ele, não há, no momento, catalisadores claros capazes de reverter rapidamente a tendência observada desde as máximas de outubro. Dessa forma, a recuperação da capitalização total do mercado cripto para o patamar de US$ 4 trilhões, a partir dos atuais US$ 2,6 trilhões, deve levar mais tempo. Nesse cenário, o processo pode se estender até o início de 2026, reforçando um ambiente de cautela no curto e médio prazo.