O fundador da Cardano, Charles Hoskinson, voltou a criticar instituições financeiras tradicionais ao afirmar que grandes bancos tentam reproduzir tecnologias já consolidadas no universo blockchain, como o XRP e a sidechain Midnight. Segundo ele, essas iniciativas privadas não conseguem acompanhar a escala e o alcance global de blockchains públicos, que operam com maior transparência, interoperabilidade e descentralização.

Por que o XRP virou referência nas críticas de Hoskinson

As declarações surgiram após comentários feitos por Hoskinson no X sobre projetos como o Canton Network, que avança em testes com ativos tokenizados. De acordo com o criador da Cardano, esses modelos buscam replicar funções que o XRP e a Midnight já desempenham há anos, embora com limitações significativas, pois operam em sistemas fechados e permissionados.

Hoskinson destacou em sua publicação:

“Eu adoro quando vejo o sistema financeiro tradicional se unir ao Canton e tentar construir o que o XRP e a Midnight já fazem em uma escala 100 vezes maior do que suas ambições.”

Além disso, ele afirmou que bancos e instituições ainda não compreendem os fatores que impulsionaram os blockchains públicos. Para Hoskinson, a falta de abertura impacta diretamente a escalabilidade e a flexibilidade das redes privadas.

Debate sobre tokenização e o avanço do Canton Network

As discussões cresceram após o anúncio de que o DTCC se uniu à Digital Asset e ao Canton Network para desenvolver versões tokenizadas de títulos do Tesouro dos EUA mantidos pela DTC. A proposta recebeu sinal verde por meio de uma carta no-action da SEC, e a expectativa é que uma versão de testes seja finalizada até a primeira metade de 2026. 

O objetivo central é oferecer às instituições uma forma regulada, privada e interoperável de acessar títulos tokenizados, com governança compartilhada entre DTCC e Euroclear. No entanto, Hoskinson afirma que a tecnologia pública segue muito à frente em eficiência para operações internacionais, algo já comum em redes como o XRP.

Além disso, o Canton Network também registrou novidades envolvendo stablecoins, como o USD1 da World Liberty Financial. A moeda pode ser utilizada como colateral, em empréstimos e em liquidações globais. Para Hoskinson, esses avanços têm valor, mas ainda representam versões limitadas de soluções amplamente usadas em blockchains públicos.

A visão de Hoskinson sobre o papel do XRP no setor

Hoskinson reforçou que o XRP exemplifica como blockchains públicos já resolvem desafios que instituições tradicionais apenas começam a explorar. Entre esses pontos estão pagamentos internacionais, liquidez otimizada e interoperabilidade. Assim, ele avalia que a Web3 evolui com mais ousadia e velocidade do que soluções corporativas, que permanecem cautelosas e centralizadas.

Segundo ele, essa diferença estrutural explica por que tecnologias abertas se distanciam rapidamente de sistemas privados, especialmente quando a demanda é por escala e adaptação constante.

Midnight e o potencial impacto a partir de 2026

Hoskinson também revelou que está produzindo até 100 páginas diárias de documentação técnica sobre a Midnight, preparando workshops agendados para janeiro. Ele descreve a sidechain como um marco para privacidade, abstração de cadeia e conformidade inteligente, sugerindo impactos significativos a partir de 2026.

Nesse sentido, a relação de Hoskinson com a comunidade XRP mudou nos últimos meses. Após incluir detentores do ativo no airdrop da Midnight, ele adotou um tom mais colaborativo e chegou a mencionar possíveis parcerias futuras, incluindo o desenvolvimento de uma camada DeFi para ampliar o uso do XRP em 2026.

Nesse meio tempo, do avanço dos bancos em redes permissionadas, as falas de Hoskinson reforçam como XRP e Midnight já influenciam debates sobre infraestrutura digital global. No entanto, instituições tradicionais ainda enfrentam desafios para acompanhar o ritmo acelerado dos blockchains públicos.