Bitcoin recua em cenário político e macro desafiador nos EUA
O Bitcoin segue em um período de fraqueza mesmo após a posse de Donald Trump para seu segundo mandato. Muitos investidores aguardavam um impulso imediato no preço, porém o movimento inicial perdeu força. Além disso, o mercado entrou em uma fase de consolidação que mantém a volatilidade baixa e limita avanços significativos.
O comportamento atual contrasta com o período pós-eleitoral de 2016. Naquele momento, o ativo reagiu com forte alta, algo que não se repete agora. Um estudo recente da XWIN Research Japan, divulgado pela CryptoQuant e disponível em Quicktake, explica o cenário atual e aponta diferenças importantes na dinâmica macroeconômica.
Mercado opera sob condições mais rígidas em 2025
Segundo o estudo, 2016 oferecia um ambiente ideal para a expansão do mercado de cripto. Naquele período, a inflação estava controlada e os juros nos Estados Unidos permaneciam baixos. Assim, havia mais liquidez disponível e maior apetite por risco. O mercado também era menor, portanto, entradas moderadas de capital produziam fortes movimentos de preço.
No entanto, 2025 apresenta a situação oposta. Os juros seguem elevados, a liquidez se mantém restrita e a aversão ao risco domina os investidores. O mercado de Bitcoin cresceu e agora conta com grande presença institucional, com liquidez distribuída globalmente. Portanto, eventos políticos têm impacto mais limitado. Além disso, os analistas afirmam que políticas públicas influenciam a narrativa, mas não sustentam altas consistentes quando as condições financeiras permanecem apertadas.
Esse novo contexto explica por que o Bitcoin não repete o entusiasmo visto há oito anos. A combinação de mercado ampliado, liquidez reduzida e juros altos cria um cenário mais resistente a impulsos pontuais.
Long-term holders demonstram postura cautelosa
Outro ponto relevante do relatório envolve o indicador LTH-SOPR, que mede o ritmo de realização de lucros entre long-term holders. A XWIN Research Japan observou que esses investidores realizam lucros de forma moderada. Enquanto isso, os short-term holders vendem no prejuízo, o que revela um sentimento cauteloso no mercado.
Abaixo, o gráfico destacado no estudo:

Esse comportamento costuma surgir em fases mais longas de ajuste entre oferta e demanda. Assim, enquanto os investidores de longo prazo absorvem a pressão vendedora dos de curto prazo, o suporte tende a se manter. Porém, isso também restringe a possibilidade de altas mais agressivas.
A análise reforça que uma recuperação mais robusta dependeria do aumento das entradas em ETFs de Bitcoin e da redução da distribuição pelos long-term holders. Caso esses fatores não ocorram juntos, o movimento lateralizado pode continuar. Além disso, quedas podem surgir caso a liquidez se deteriore.
No momento, o Bitcoin é negociado em torno de US$ 87.623. O ativo registra leve queda semanal de 0,5% e alta de 0,6% nas últimas 24 horas, segundo o CoinMarketCap. O gráfico diário mantém a estrutura de consolidação do início do ano.
No curto prazo, o conjunto de juros altos, lucro moderado entre long-term holders e baixa entrada em ETFs sustenta o clima de cautela. Portanto, essa combinação ajuda a explicar por que o mercado não repete a euforia de 2016 e permanece limitado mesmo após a posse de Trump.