Bitcoin deve subir de forma constante na década

O Bitcoin, que entrou em uma fase de crescimento mais estável segundo Matt Hougan, deve manter avanços constantes ao longo da próxima década. O diretor de investimentos da Bitwise afirma que a volatilidade mais baixa indica um mercado mais maduro, capaz de sustentar ganhos sólidos sem movimentos especulativos extremos.

Durante entrevista à CNBC na última sexta-feira, Hougan destacou que o comportamento recente reforça uma tendência de evolução contínua. Além disso, ele afirmou que o cenário atual difere dos ciclos explosivos vividos no passado, já que agora o ativo tende a apresentar retornos robustos de forma mais previsível.

“Estamos em um período de dez anos de crescimento firme. Não são retornos espetaculares, mas retornos fortes, com menor volatilidade e oscilações naturais”, disse Hougan.

Projeções mais otimistas para 2026

O executivo mantém expectativas positivas para 2026, ano que, segundo ele, pode consolidar um novo momento de alta. Hougan lembra que, mesmo após o recorde de US$ 125.100 em outubro, ainda havia espaço para valorização. No entanto, após o topo histórico, o ativo registrou retração, chegando perto de US$ 87.800 no período analisado, de acordo com dados do CoinMarketCap.

A queda reacendeu a discussão sobre o ciclo quadrienal tradicional, que divide analistas. O diretor de investimentos da ReserveOne, Sebastian Beau, ressaltou que a perda de aproximadamente 30% após o recorde gerou preocupação entre investidores, que temem um novo movimento de correção profunda.

No entanto, para Hougan, a explicação pode estar no comportamento do varejo, que teria reduzido sua exposição ao tentar antecipar quedas previstas em ciclos anteriores. Assim, investidores institucionais passaram a absorver parte da pressão vendedora, o que ajudou a evitar quedas mais acentuadas.

Esse movimento institucional, que envolve compras consistentes e de longo prazo, impede correções semelhantes às vistas no passado, quando quedas superiores a 60% eram comuns. Portanto, as retrações mais suaves reforçam a tese de amadurecimento do mercado.

Análises divididas entre riscos e estabilidade

Apesar disso, alguns especialistas seguem cautelosos. O trader veterano Peter Brandt sugeriu que o ativo pode cair até US$ 60.000 até o terceiro trimestre de 2026, citando fatores macroeconômicos que ainda influenciam o mercado global.

Hougan discorda de que o cenário político dos Estados Unidos possa exercer grande impacto daqui em diante. Embora o ativo tenha renovado máximas após a posse de Donald Trump em 2025, ele acredita que esse movimento não deve se repetir, já que o mercado agora responde mais aos fundamentos do que a eventos políticos.

As projeções permanecem divergentes. O diretor de macro global da Fidelity, Jurrien Timmer, prevê que 2026 pode trazer uma pausa e levar o ativo à faixa dos US$ 65.000. Em direção oposta, o CEO da Strategy, Phong Le,  argumentou que os fundamentos do ativo continuaram sólidos durante 2025, mesmo com preços mais baixos.

Além disso, Linh Tran, analista da XS.com, observa que o ativo mostra maior sensibilidade às expectativas de política monetária. Segundo ela, não apenas os dados econômicos, mas também o discurso dos bancos centrais, têm provocado ajustes rápidos nos preços.

Assim, o mercado parece atravessar um período de transição. A correção recente pressiona investidores, porém o suporte institucional contínuo e a perspectiva positiva para 2026 reforçam a visão de um avanço gradual e consistente, ainda que dependente das próximas decisões monetárias globais.