Ex-funcionário é condenado por vender segredos por Bitcoin

Um ex-funcionário de uma exchange de cripto da Coreia do Sul foi condenado a quatro anos de prisão após tentar recrutar um oficial do Exército para vender segredos militares ao regime da Coreia do Norte em troca de Bitcoin. A Suprema Corte confirmou a decisão em 28 de dezembro e determinou que o réu fique proibido de atuar no setor financeiro por igual período depois de cumprir a pena.

Segundo documentos judiciais, hackers norte-coreanos pagaram ao acusado cerca de US$ 487 mil em Bitcoin para aliciar um capitão de 30 anos do Exército sul-coreano. Além disso, o militar recebeu aproximadamente US$ 33,5 mil também em Bitcoin,  de acordo com informações citadas no processo. As conversas ocorreram por chat no Telegram, onde a oferta de cripto era usada como incentivo para obter informações classificadas.

No entanto, o esquema evoluiu quando o recrutador enviou ao capitão uma câmera oculta disfarçada de relógio e um dispositivo USB com recursos de ataque cibernético. Ambos foram enviados a mando dos hackers para possibilitar o acesso a sistemas militares sensíveis, entre eles o Korean Joint Command and Control System, utilizado por Coreia do Sul e Estados Unidos para comunicação estratégica.

A polícia militar interceptou os equipamentos antes de qualquer invasão. Durante o julgamento, o juiz destacou que o réu tinha plena consciência de que forneceria dados a um país hostil. Além disso, afirmou que o interesse financeiro pessoal ampliou a gravidade do crime, visto que colocou a segurança nacional em risco.

Operações cibernéticas da Coreia do Norte e uso de cripto

A condenação reforça a preocupação internacional sobre o papel do Bitcoin no financiamento de atividades ilícitas. Somente nos últimos anos, autoridades dos Estados Unidos estimaram que grupos de hackers ligados ao regime de Pyongyang roubaram mais de US$ 3 bilhões em ativos digitais. Esses ataques incluem malware, ransomware e engenharia social contra bancos, exchanges e instituições financeiras ao redor do mundo.

Em novembro, o Departamento do Tesouro dos EUA aplicou sanções contra oito indivíduos e duas entidades envolvidas nessas operações. Inegavelmente, a medida buscou interromper o fluxo de cripto que abastece programas militares. Assim como o desenvolvimento de armas nucleares e mísseis balísticos.

Sanções recentes ampliam pressão internacional

Entre os sancionados estão os banqueiros Jang Kuk Chol e Ho Jong Son. Nesse hiato, eles são responsáveis pela administração de mais de US$ 5,3 milhões em cripto obtidas por ataques de ransomware e atividades de trabalhadores de TI no exterior. Além disso, a Korea Mangyongdae Computer Technology Corp., seu presidente U Yong Su, o Ryujong Credit Bank e cinco representantes bancários. Que atuavam entre China e Rússia também foram incluídos na lista.

Em setembro de 2024, o FBI alertou empresas dos EUA ligadas a ETFs de cripto sobre uma nova onda de ataques. Segundo a reportagem, hackers norte-coreanos estavam usando técnicas avançadas de engenharia social para tentar acessar sistemas internos. E, portanto, obter ativos digitais de forma ilícita.

O caso da venda de segredos militares em troca de Bitcoin mostra como grupos ligados à Coreia do Norte exploram o ecossistema de cripto. Assim, a condenação do ex-funcionário e do capitão, sentenciado a dez anos de prisão e multado em US$ 35 mil. Evidencia uma reação mais firme das autoridades diante desses riscos. Além disso, reforça a necessidade de vigilância diante de ataques que movimentam grandes valores e financiam programas militares do regime.