Um importante passo: BNDES emitirá sua stablecoin!
BNDES tem planos para lançar sua stablecoin em 2019
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emitirá um token designado para manter um par com o real.
Falando ao site CoinDesk, o BNDES lançará um programa piloto em janeiro de 2019 para emitir seu token, que será construído sobre a blockchain Ethereum e será pareado em uma razão 1:1 com o real. A instituição tem experimentado com stablecoins em 2018, e agora utilizará suas contribuições por esse meio a instituições culturais.
ConsenSys, um estúdio de design de Ethereum, estará entre as companhias assessorando o banco durante este processo. Embora a empresa não tenha comentado sobre a parceria, além de confirmar seu envolvimento com o BNDES, a ação está alinhada com uma declaração interna prestada pelo seu fundador, Joseph Lubin, no início do mês, declarando que a companhia renovaria seu foco em se especializar como consultora blockchain, em termos de arquitetura e design de tokens.
Para o programa piloto, o BNDES emitirá o token para a Ancine, a fim de criar e promover produções cinematográficas no Brasil.
Tendo em vista que o banco tem um histórico de se envolver em escândalos de corrupção, os criadores do programa piloto esperam que a investida na área de blockchain ajude a aumentar a confiança nos bancos estatais.
Os testes terão por base os certificados eletrônicos de identificação do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. que já são amplamente utilizados pelas companhias do país.
“Nós podemos aplicar regras com smart contracts. A companhia que recebe o dinheiro pode gastá-lo com companhias que estão trabalhando dentro do setor cinematográfico,” afirmou Vanessa Almeida, uma gerente de desenvolvimento de sistemas, ao CoinDesk.
Em relação aos identificadores de CNPJ, ela acrescentou:
“Nós temos um tipo de ID no Brasil, que possui um certificado para enviar um token à companhia, e a companhia precisa assinar esse certificado. Nós saberemos antes para qual endereço você poderá enviar os tokens.”
Esse projeto foi desenvolvido com a ajuda do desenvolvedor da Ethereum Foundation, Alex Van De Sande, visando permitir que produtores cinematográficos associados à Ancine coletassem e compartilhassem seus registros financeiros em tempo real. Os recipientes poderão trocar a stablecoin por meio do banco para obterem reais.
Todos os dados transacionais podem ser utilizados para desenvolver e informar futuros casos de uso. Vanessa completou:
“Essa informação pode ajudar a guiar políticas públicas. Os órgãos terão um mapa melhor desse setor da economia.”
Além do trading
Os traders de criptomoedas têm sido os maiores utilizadores de stablecoins até agora, armazenando valor em suas contas, que podem ser instantaneamente trocados por outras criptomoedas, sem terem que lidar com bancos.
Companhias como Paxos, Gemini e Coinbase acrescentaram criptomoedas pareadas com moedas fiat em 2018. Em contraste, o programa piloto do Brasil mostra um caso de uso em que uma moeda como essa vai além dos mercados de especulação.
Rosine Kadamani, fundadora da Blockchain Academy, uma instituição educacional importantíssima no Brasil, disse ao CoinDesk que este piloto terá grandes efeitos no país.
Isso porque o BNDES financia projetos que vão desde iniciativas educacionais, até construção de infraestrutura, como estradas e represas. Ela afirmou:
“Pelo fato do Brasil, infelizmente, ser muito conhecido por corrupção, muito se questiona sobre os financiamentos públicos. Primeiro começa com uma stablecoin, que é basicamente uma unidade de controle, pois tudo volta para o banco. Contudo, no futuro, caso funcione corretamente, existem outras implicações.”
Gladstone Moises Arantes, Jr., chefe técnico da iniciativa de blockchain do BNDES, disse ao CoinDesk que o banco reavaliará os resultados deste programa piloto e considerará expandi-lo para outras organizações que recebem financiamento público.
Ele completou:
“O conceito que nós temos pode ser utilizado para outras instituições do Brasil, ou para o governo como um todo.”
Sem surpresas?
Bom, o BNDES estar planejando lançar uma stablecoin é algo grande, e que realmente poderá ter um impacto na forma como a sociedade vê e vive a tecnologia blockchain. Contudo, não é novidade o apreço do BNDES pela tecnologia.
No início do mês, o Webitcoin fez um artigo sobre a breve introdução feita pelo Diretor de Estratégias e Inovação da instituição, Ricardo Ramos, durante o Fórum BlockchainGov, realizado pela próprio banco. Em um discurso de pouco mais de 10 minutos, Ricardo mostrou que o BNDES tem um apreço pelo crescimento da tecnologia blockchain, há um reconhecimento de que a estrutura bancária é engessada e precisa crescer, e um tom leve é mostrado na parte de entendimento e posterior regulamentação.
Kadamani, que estava presente no evento e foi a primeira palestrante após o discurso de Ricardo Ramos, mostrou-se empolgada com o tom leve do mesmo, ressaltando que a tecnologia blockchain está em um período onde não são necessárias certezas, admirando Ramos quando este disse que não sabe para qual caminho a tecnologia irá, mas que este deve ser seguido.
Fonte: CoinDesk