Solução blockchain indiana ajuda a prevenir chamadas spam
A funcionalidade deve estar operante no final de maio e tem base aplicável a outros segmentos. A ideia é promover escalabilidade global
A Tech Mahindra, empresa indiana do segmento de tecnologia, anunciou oficialmente o lançamento de uma solução baseada em blockchain e que promete agradar os usuários de telefonia móvel. A funcionalidade vai ajudar a prevenir as incômodas chamadas spam e, apenas em se considerando o universo de consumidores de serviços telefônicos da Índia, deve impactar 300 milhões de pessoas.
De acordo com a empresa, a ferramenta deve estar disponível ainda em maio de 2019 e está alinhada com as diretrizes da Autoridade Reguladora de Telecomunicações da Índia (TRAI), no que diz respeito às chamadas comerciais não autorizadas. A base da solução blockchain proposta pela Tech Mahindra é permitir que os provedores de telecomunicações evitem o acesso não autorizado de dados dos seus assinantes e envolve uma equipe de 50 pessoas em seu desenvolvimento, já tendo sido realizada uma prova de conceito para a TRAI.
A companhia que assina a funcionalidade ainda guarda confidencialidade em torno de alguns detalhes do projeto, bem como não divulgou a receita esperada, mas sinalizou já estar em discussão com operadoras de telecomunicações no exterior, com vistas à criação de um mercado global. Outro dado interessante é que, de acordo com a Tech Mahindra, a solução é aplicável a outros segmentos, com foco, por exemplo, na proteção de registros médicos e na garantia de propriedade intelectual.
As chamadas spam no Brasil
Se levados em consideração dados de um levantamento divulgado em outubro de 2018, não seria nada mal que os brasileiros contassem com a proteção blockchain anti-spam, já que o país surge como líder latino-americano em chamadas comerciais não autorizadas. A pesquisa, conduzida pelo aplicativo Truecaller apontou que recebemos, em média, 37,5 chamadas indesejadas por mês; um aumento de 81% na comparação com 2017. As operadoras de telefonia e as empresas de cobrança lideram o ranking de origem das chamadas não autorizadas, com índices de 33% e 24%, respectivamente.
A jurisprudência brasileira, inclusive, tem apoiado as reclamações de consumidores que sentem lesados pelas ligações indesejadas, entendendo que elas podem ser interpretadas como desrespeito a direitos constitucionais. Em diferentes estados brasileiros há leis específicas que tratam das chamadas comerciais não autorizadas e serviço de bloqueio de spam disponibilizado pelos Procons locais. Além disso, as ferramentas de bloqueio disponíveis nos sistemas operacionais dos smartphones, também podem ser uma ajuda. Isso sem contar a tecnologia blockchain que, com o case indiano, demonstra mais uma boa aplicação.
Jornalista desde sempre interessada pelos canais digitais, tem se dedicado à estratégia e produção de conteúdos. Em 2018, se aproximou da temática das criptomoedas e atua como redatora de projetos do mercado financeiro digital.