Série os supostos Satoshi Nakamoto – Dorian Nakamoto
Na onda da teoria de revelação da identidade de Satoshi Nakamoto, acompanhe a série do Webitcoin com a história dos supostos candidatos
Passados mais de dez anos desde o surgimento do Bitcoin, a pessoa por trás da criação da moeda virtual que deu start ao mercado de ativos financeiros criptografados ainda rende muita polêmica. O white paper que explana o conceito da criptomoeda, propondo uma nova caracterização para o mercado financeiro, é assinado pelo pseudônimo Satoshi Nakamoto. Há quem diga que ele é uma personalidade, há quem pense que se trata de um grupo de pessoas e já houve até quem tenha se autodeclarado a pessoa por trás da ideia. O fato é que, volta e meia, a polêmica em torno do assunto volta à cena.
Um dos episódios mais recentes, que o Webitcoin noticiou, é o surgimento de um site que abriu contagem regressiva, prometendo revelar a identidade de Satoshi Nakamoto no dia 14 de maio. Foi deixa para prepararmos uma série especial de conteúdos contando um pouco de quem são os supostos candidatos a ser o rosto por trás do pseudônimo. Começamos com um das primeiras pessoas que foi associada ao criador do Bitcoin. Trata-se de um engenheiro japonês residente nos Estados Unidos e sobre o qual as suspeitas recaíram ainda em 2014.
Quem é Dorian Nakamoto e porque ele seria Satoshi?
O nome de batismo desse suposto criador do Bitcoin é Dorian Prentice Satoshi Nakamoto. Ele foi encontrado pela Revista Newseek, depois de uma busca por pessoas batizadas com o nome e cujas histórias de vida tivessem alguma relação com a moeda virtual. A matéria, que identificou Dorian como o possível Satoshi, foi publicada em março de 2014, pela repórter McGrath Goodman, que destacou o fato de que ele não se sentia confortável em falar sobre Bitcoin. Morador da Califórnia desde criança, ele comentou sobre outros assuntos, como sua coleção de trens, mas não falou muito sobre moeda criptografada.
O que McGrath Goodman relata é que, quando perguntado sobre Bitcoin, Dorian Nakamoto teria dito: “Eu não estou mais envolvido nisso e não posso discutir isso. Foi entregue a outras pessoas. Eles estão encarregados disso agora. Eu não tenho mais nada a ver.”
A Newsweek, inclusive, foi atrás de entusiastas do mercado crypto e poucos deles tinham tido contato com Dorian Nakamoto. O fato é que, em 2011, o físico tinha perdido o emprego e não se sabe muito sobre suas pesquisas até o surgimento do Bitcoin. O que a Newsweek conseguiu apurar é que ele teve uma trajetória de atuação como engenheiro de sistemas em projetos de defesa confidenciais e engenheiro de computação para empresas de serviços de tecnologia e informações financeiras, sendo considerado um libertário. Cinco anos atrás, estimava-se que ele tinha por volta de 400 milhões de dólares na moeda virtual.
Eu não sou o criador do Bitcoin
Em meio a esse suposto conjunto de possíveis pistas e suspeitas, Dorian Nakamoto nega ser o verdadeiro Satoshi. Ele chegou a dar uma entrevista para a Associated Press, reforçada posteriormente por uma carta, em que nega veemente ser o homem por trás da invenção das criptomoedas, afirmando que só veio a ouvir falar em bitcoins em 2014. Dorian afirma, ainda, que a reportagem da Newsweek é falsa e teria prejudicado sua vida profissional.
Veja a íntegra de uma das últimas declarações públicas do suposto Satoshi:
“Meu nome é Dorian Satoshi Nakamoto. eu sou a pessoa citada na reportagem da Newsweek sobre Bitcoin. estou escrevendo esta declaração para limpar meu nome. Não criei, inventei nem trabalhei com Bitcoin. eu nego incondicionalmente o relato da Newsweek. A primeira vez que ouvi o termo “Bitcoin” foi através do meu filho em meados de fevereiro de 2014. após ser contatado por uma repórter, meu filho me chamou e usou a palavra, que eu nunca havia ouvido anteriormente. Logo depois, a repórter me encontrou em minha casa. Chamei a polícia. Nunca concordei em falar com a repórter. Em uma conversa que se seguiu, com um repórter da Associated Press, chamei a tecnologia de “Bitcom”. Eu ainda não estava familiarizado com o termo.
Minha formação é em engenharia. Eu também sei programar. Meu trabalho mais recente foi como engenheiro eletricista solucionando problemas de equipamentos de controle aéreo de tráfego para a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês). Não tenho conhecimento nem trabalhei com criptografia, sistemas peer-to-peer ou moedas alternativas.
Não consegui encontrar emprego estável como engenheiro ou programador por dez anos. Eu tenho trabalhado como operário, pesquisador e professor substituto. Cancelei meu serviço de internet em 2013, devido a graves dificuldades financeiras. Estou tentando me recuperar da minha cirurgia na próstata, feita em outubro de 2012, e de um acidente vascular cerebral, que sofri em outubro de 2013. Minhas perspectivas de trabalho remunerado foram prejudicadas devido ao artigo da Newsweek.
A falsa matéria da Newsweek tem sido a fonte de uma grande confusão e estresse para mim, minha mãe, de 93 anos, meus irmãos e suas famílias. Ofereço meus sinceros agradecimentos às pessoas, nos Estados Unidos e ao redor do mundo, que me ofereceram ajuda. Eu contratei um advogado. Esta será nossa última declaração pública sobre este assunto. Agora, solicito, que respeitem nossa privacidade”.
Jornalista desde sempre interessada pelos canais digitais, tem se dedicado à estratégia e produção de conteúdos. Em 2018, se aproximou da temática das criptomoedas e atua como redatora de projetos do mercado financeiro digital.