O projeto de criptomoeda financiada pelo Estado no Irã
O uso da moeda virtual é uma alternativa às sanções econômicas impostas ao Irã, com manutenção de comércio internacional.
Na linha da recente notícia de que a utilização do Petro, criptomoeda atrelada ao petróleo, poderia ser uma forma de Venezuela e Rússia evitarem o dólar americano, segue o projeto de criação, pelo Irã, de uma moeda virtual patrocinada pelo Estado. No caso do país asiático, o objetivo seria driblar as sanções econômicas que afetam a economia local. O plano também é visto como uma importante abordagem conceitual pelo governo que, até 2017, não demonstrava grande interesse pelo mercado crypto, nem discutia sua possível regulamentação.
O que é visto como um grande impulso para esse cenário, inclusive com investimento em desenvolver uma criptomoeda, é o estabelecimento, justamente em janeiro de 2017, de medidas como a proibição do uso do dólar no Irã, como forma de combate a políticas implementas no país, principalmente o programa nuclear. A partir de então, as moedas virtuais passaram a ser vistas como alternativas para a manutenção de ações focadas no comércio exterior, já que o Irã tem acesso quase nulo a sistemas de pagamentos interbancários mundiais.
Os recentes movimentos do mercado crypto
Foi nesse contexto que, no começo de 2018, foi anunciada a intenção do governo iraniano de apoiar o surgimento de um criptomoeda local. Paralelamente, o Banco Central do Irã (CBI) proibiu bancos e instituições financeiras de comprar, vender ou trocar ativos criptografados. O que se viu, então, foram medidas mais simpáticas ao mercado da criptografia pelo CBI, bem como a abertura de diálogo sobre transações em criptomoedas com países como Suíça, a África do Sul, a França, o Reino Unido, a Rússia, a Áustria, a Alemanha e a Bósnia.
Embora pairem dúvidas sobre os planos iranianos para o cenário da criptografia, também veio à tona, em 2019, a informação sobre o desenvolvimento da Borna, uma plataforma blockchain local, com foco em reformular o setor bancário e financeiro do país.
Com a desvalorização do rial, a moeda fiduciária local, as critptomoedas também chamam mais atenção como modalidade de investimento aos cidadãos. A exchange LocalBitcoins, que acabou, depois, encerrando suas operações no Irã, chegou a triplicar transações P2P realizadas por usuários iranianos. Um mercado que vem sendo atendido por outras corretoras e tem na compra de tokens, com posterior troca por moedas virtuais, uma alternativa para uso de exchanges internacionais que não operam com a moeda iraniana. Resta acompanhar, com atenção, os próximos movimentos em torno dos produtos financeiros criptografados no Irã.
FONTE: COINTELEGRAPH
Jornalista desde sempre interessada pelos canais digitais, tem se dedicado à estratégia e produção de conteúdos. Em 2018, se aproximou da temática das criptomoedas e atua como redatora de projetos do mercado financeiro digital.