Horizon: o universo de realidade virtual do Facebook
Versão beta fechada da plataforma será lançada em 2020
O Facebook prepara sua nova investida em realidade virtual: durante a abertura do evento Oculus Connect, na Califórnia, a empresa apresentou o Facebook Horizon, um universo virtual no estilo sandbox, que permite ao usuário criar seus próprios ambientes e jogos, interagir com os amigos ou apenas explorar as paisagens. A ideia é que o Horizon seja uma espécie de Second Life da companhia de Mark Zuckerberg.
Quem estiver no Horizon poderá montar um avatar personalizado e atravessar portais chamados de Telepods, pelos quais é possível mudar de ambiente com rapidez. A plataforma também permite ver filmes ou se divertir em jogos multiplayer na companhia dos amigos. Além disso, haverá a presença de moderadores humanos, os Horizon Locals, que servirão tanto para ajudar novos jogadores quanto para impedir que trolls comprometam a segurança e a diversão de todos.
Não se aguenta de curiosidade? As inscrições para a versão beta podem ser feitas neste site.
Como parte da transição para o Horizon, o Facebook irá desativar, em 25 de outubro, suas duas atuais experiências com VR: Facebook Spaces e Oculus Rooms. Lançada em 2016, a plataforma Oculus Rooms funciona como um apartamento virtual que pode ser decorado pelo usuário. Já o Facebook Spaces, de 2017, permite conversar, ver filmes e tirar selfies de realidade virtual com os amigos.
Como funciona o Horizon
Em um primeiro momento, o Facebook Horizon parece um Second Life modernizado, um Sims em primeira pessoa, a realização dos objetivos do AltspaceVR e um concorrente do Dreams, do PlayStation VR, e do Roblox, a plataforma favorita das crianças. Desde 2016, o Facebook dá a cada novo empregado da Oculus uma cópia do livro “Jogador Nº 1”, de Ernest Cline, que foi adaptado para o cinema com direção de Steven Spielberg. Aparentemente, desde então esses funcionários estão ocupados construindo um mundo como aquele.
O Horizon começa em uma praça da cidade. Antes de entrar, as pessoas podem escolher a aparência física e as roupas em um conjunto de itens extenso e inclusivo. Uma vez dentro do jogo, a ferramenta Horizon World Builder permite criar arenas de jogos, locais de descanso e novas atividades, sem a necessidade de saber programação.
É possível, por exemplo, montar uma ilha tropical e convidar amigos para passear em sua praia particular virtual. Uma ferramenta semelhante ao recurso de escultura do Oculus Medium permite fazer qualquer coisa, até mesmo uma camiseta personalizada para seu avatar. Programadores terão acesso a ferramentas mais potentes de criação, sendo capazes de desenvolver, dentro da plataforma, experiências reativas e interativas.
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Na página “Cidadania”, o Facebook detalha os recursos de segurança do Horizon. Os Horizon Locals irão percorrer as paisagens de realidade virtual para responder perguntas ou ajudar usuários que estejam tendo problemas técnicos ou de segurança. Eles parecem prontos para ser parte suporte ao cliente, parte policiais desse universo.
“Como cidadãos do Facebook Horizon, é de nossa total responsabilidade criar uma cultura respeitosa e confortável. Um cidadão de Horizon é amigável, inclusivo e curioso”, diz o texto.
Caso o usuário se sinta sobrecarregado, basta pressionar um botão de proteção para fazer uma pausa e entrar em um espaço privado paralelo ao Horizon. Os usuários também podem definir limites pessoais, a fim de que ninguém seja hostil com eles ou pareça tocá-los. Além disso, estarão disponíveis ferramentais tradicionais, como silenciar, bloquear e denunciar. É inteligente que o Facebook tenha definido o tom da comunidade e especificado essas medidas preventivas.
De olho no futuro
Ao anunciar o Horizon, Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, falou sobre como a plataforma terá a propriedade de se expandir e melhorar, conforme a empresa e a comunidade forem construindo mais experiências para o sandbox de realidade virtual.
O Horizon faz todo o sentido para uma empresa obcecada em facilitar a interação social, enquanto gera receita com visualizações de anúncios com base no tempo gasto naquele ambiente. É fácil imaginar a plataforma incluindo outdoors virtuais; lojas para comprar brinquedos ou móveis para a casa, administradas pelo Facebook; lojas de marcas como Nike ou Supreme, com venda direta aos usuários e pagando uma fatia dos lucros a Zuckerberg; assinaturas para ter acesso a certos mundos de jogos ou explorar planetas premium.
Conforme o Facebook começa a ficar obsoleto após 15 anos no mercado, os usuários procuram novas formas de socializar. Muitos já trocaram as atualizações de status e os Life Events pelas fotos do Instagram e os vídeos e as imagens do Snapchat. O Facebook corre o risco de ser deixado de lado se não criar seu próprio sucessor de realidade virtual. E, oferecendo um mundo em que os usuários podem escapar de suas vidas reais, em vez de invejosamente compará-las com as de seus amigos, o Horizon tem chance de atrair os que se sentem entediados ou claustrofóbicos no Facebook.
* Imagem: Divulgação/Facebook
Fonte: TechCrunch
Jornalista, revisora e roteirista, apaixonada por tecnologia e especializada em conteúdo.