Quatro empresas controlam grande parte da indústria de mineração de Bitcoin
Relatório do TokenInsight estima que essas empresas concentrarão 98% da participação de mercado até o final de 2020
As empresas Bitmain, MicroBT, Canaan e Ebang concentrarão a participação de mercado de mineração de Bitcoin, de acordo informação publicada no site Decrypt. Os dados fazem parte do relatório anual do TokenInsight. O estudo prevê que 98% da participação de mercado de mineração de Bitcoin estarão concentradas em apenas quatro empresas até o final de 2020, reduzindo o restante da concorrência em mais 3%, além da atual participação de mercado combinada de 95%.
À Decrypt, o analista da TokenInsight, Johnson Xu explica que o aumento da participação de mercado se deve a um efeito de rede:
As quatro principais empresas sempre tiveram um forte poder de mercado no passado; no futuro, esse forte poder de mercado se traduzirá nas posições dominantes das quatro principais empresas.
De acordo com Xu, essas empresas não encontrarão muita concorrência de outros lugares, já que a indústria de hardware de mineração tem uma barreira tão alta à entrada. Para sobreviver, precisariam de elevado investimento para o desenvolvimento de pesquisas, além de logística e marketing globais.
No relatório, o TokenInsight previu que a participação de mercado da Bitmain aumentaria de 55-58% em 2019 para 63% em 2020. Já o de Canaã aumentará de 10% a 15% em 2019 para 18% em 2020.
Para analista da TokenInsight, a estimativa otimista do relatório sobre o futuro da Bitmain foi baseada no fato de cortar sua linha de negócios de inteligência artificial. Ele calculou que isso se devia “ao alto custo e à baixa lucratividade”.
“Uma vez que a Bitmain consolide seus recursos e reestruture seus negócios de uma maneira melhor, sua participação no mercado aumentará por causa de seu poder de mercado e marca”, analisa.
Johnson Xu explica que a previsão do TokenInsight sobre o aumento da participação de mercado de Canaan se deve a um IPO bem-sucedido em 2019, que “se traduzirá diretamente em uma exposição mais ampla à sua marca”.
Além da metade do Bitcoin
O relatório também prevê que haverá mais produtos de mineração em nuvem após a redução pela metade do Bitcoin – quando, em meados de maio de 2020, o fornecimento de Bitcoin emitido como recompensa de mineração será reduzido pela metade.
Isso ocorre porque os produtos de mineração em nuvem são “facilmente comprados” por quem quer saber mais sobre o setor de mineração e têm uma “barreira relativamente baixa de entrada do que os fabricantes de mineração de hardware”, diz Xu. Tudo o que os clientes precisam fazer é alugar pools de mineração em nuvem, e aqueles que executam pools de mineração em nuvem precisam comprar apenas mineradoras – não criar novas.
Segundo Xu, o surto do coronavírus, a epidemia que varreu a China – infectando dezenas de milhares, matando centenas e paralisando a economia do país – “certamente terá um impacto na mineração de Bitcoin”, particularmente na primeira metade do período ano.
O vírus já encerrou algumas minas e Xu espera que os fabricantes de hardware de mineração atrasem o envio de novos mineiros. Ele acrescenta que as empresas do setor estão atrasando os horários de trabalho, ou trabalhando remotamente, para proteger os funcionários contra o vírus.
Se o coronavirus acabar desenraizando a economia de mineração de Bitcoin, isso pode causar um impacto inesperado na economia de mineração. Com dois terços do poder de hash concentrado na China, isso poderia ser desestabilizador para a economia criptográfica mais ampla e colocar a teoria do “ativo de porto seguro” à prova.
Fonte: Decrypt
Jornalista com especialização em História do Brasil pela UFF, trabalhou em diversos veículos de comunicação como O Globo, Jornal do Commercio, revista PC Mundo e Rádio Tupi.