O que vem depois de vencermos o coronavírus?
A crise do coronavírus tem obrigado os bancos centrais a agir
A crise do coronavírus não é a primeira vista pela humanidade e certamente não será a última. Entretanto, alguma coisa chama a atenção nesse evento, talvez por diferenciá-lo da crise de 2008, por exemplo.
A crise de 2008 esteve majoritariamente pautada na falta de confiança dos mercados após a não oferta de socorro por parte do Fed ao banco de investimento Lehman Brothers. A atitude do Fed gerou pânico nos mercados, o que seguiu para uma “corrida por liquidez”, que na sequência se tornou basicamente uma deflação de ativos.
Ou seja, foi uma crise pautada em conceitos comerciais, políticos e de confiança.
A crise atual é diferente. Primeiro por atacar o globo em uma velocidade devastadora, fazendo com que a segunda maior economia do planeta parasse completamente por quase dois meses. O COVID-19 não preocupa apenas pela questão de saúde (que tomando a liberdade do trocadilho, é de vital importância), mas também porque tornou as pessoas improdutivas.
E quando digo improdutivas não é por falta de interesse, mas por falta de possibilidade. A quarentena necessária para evitar que a doença se espalhe ainda mais é cruel com a economia.
Então vamos supor que estamos prontos para derrotar o coronavírus e seguir a vida. O que vem a seguir?
A primeira coisa a se pensar é na contenção de dano. Os governos dos Estados Unidos e da Europa já deram os primeiros passos nesse sentido, com injeções violentas de capital na economia.
O governo brasileiro também está se planejando nesse sentido. Segundo a Forbes, o Brasil deve receber um total de R$ 1,2 trilhão para conter os efeitos da crise, o que equivale a 16,7% do PIB. Para efeitos de comparação, durante a já mencionada crise de 2008 o governo injetou “apenas” 3,5% do PIB na economia.
O problema seguinte é lidar com o desemprego. Um número elevado de empresas tende a quebrar durante o auge da crise. Inúmeros trabalhadores informais e microempreendedores também acabam ficando sem sustento durante o período. É bastante provável que vejamos um crescimento no trabalho informal no Brasil.
Na sequência temos aquele é, possivelmente, o pior cenário: hiperinflação. Esse é inclusive apontado como um problema provável por muito economistas e investidores famosos, como é o caso do magnata do ouro, Peter Schiff.
A forte intervenção dos bancos centrais na economia cobra um preço, e esse preço é a inflação, causada pelas injeções trilionárias de dinheiro.
Após superar isso é possível que vejamos uma volta à normalidade nos países. Esse processo completo pode durar de alguns meses até anos. No Brasil o presidente Jair Bolsonaro disse que aguarda um retorno à normalidade da economia em um período de até um ano.
Expectativa otimista, mas que seria de fato muito bem vinda, sendo um dos melhores cenários possíveis. Infelizmente, contudo, trata-se de um cenário bastante otimista, com uma probabilidade bastante alta de não se concretizar.
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