Silas Malafaia: desserviço e irresponsabilidade no trato do coronavírus
Silas Malafaia publicou um vídeo ontem (01) ridicularizando a quarentena do coronavírus
Famoso por suas posições conservadoras e controversas acerca de diversos temas, o Pastor Silas Malafaia retornou aos holofotes essa semana ao atacar a quarentena criada no combate ao coronavírus.
Malafaia publicou um vídeo no YouTube intitulado “PR. SILAS MALAFAIA – ESTÁ PROVADO! A FARSA DA QUARENTENA NO BRASIL. BOLSONARO ESTÁ CERTO!” e divulgou em todas as redes sociais. O conteúdo do vídeo gira em torno do pastor atacando a quarentena, dizendo que se trata de uma farsa, uma “quarentena de araque de governadores e prefeitos”.
Você pode assistir o conteúdo polêmico clicando nesse link. O vídeo que já alcançou mais de 300 mil acessos durante a redação desse texto teve uma recepção dividida, com aproximadamente o mesmo números de ‘gostei’ e ‘não gostei’: 30 mil.
Embora a avaliação do vídeo esteja dividida, os comentários são majoritariamente contrários à posição do pastor, incluindo seus seguidores:
A reação dos usuários do Twitter foi parecida com o que pôde ser visto no YouTube. Dentre críticas e piadas, reinou a insatisfação com o que as pessoas julgaram uma violação dos termos do Twitter referentes ao coronavírus (que você pode ler clicando nesse link).
Incitação ao desobedecimento da quarentena pode gerar consequências sérias
A ação de Silas Malafaia no que toca a quarentena contra o coronavírus é, na melhor das hipóteses, irresponsável. Há ainda um grupo grande apontando que se trata, na verdade, de má-fé, buscando ganhos pessoais com um possível retorno à normalidade.
O problema é que esse discurso tem consequências. Dizer para as pessoas que ‘tudo está normal nas comunidades’ e que a ‘quarentena é uma farsa’ vai contra todas as recomendações das autoridades de saúde por todo o mundo.
Fazer isso é um desserviço à população, que contrariando uma quarentena recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelo Ministério da Saúde, pode elevar o contágio da doença, atingindo pessoas no grupo de risco, consequentemente levando à mais mortes.
Um agravamento da pandemia no Brasil também faria com que o retorno das atividades comerciais demorasse ainda mais para acontecer.
Segundo dados do EL PAÍS, o Brasil já soma 299 mortos e quase 8 mil infectados pelo coronavírus. Impedir a disseminação do vírus não é responsabilidade apenas dos órgãos de saúde, mas também da sociedade civil e de seus influenciadores.
Dessa forma, falta a Malafaia e outros personagens “anti-quarentena” discernimento para perceber que há muito mais em jogo do que apenas interesses comerciais. Vidas estão em jogo, e vidas importam. Muito.