Com a demissão de Mandetta, como fica o isolamento social?
Defensor do isolamento social, Mandetta entrou em rota de colisão com o presidente Jair Bolsonaro
Demitido na tarde de hoje (16) após semanas de rusgas com o presidente Jair Bolsonado, Henrique Mandetta usou o Twitter para tornar pública sua demissão, além de fazer agradecimentos relativos ao tempo em que esteve à frente do Ministério da Saúde:
O ministro entrou em rota de colisão com o presidente a respeito do trato do coronavírus. Enquanto Bolsonaro é adepto do “o Brasil não pode parar” e “é só uma gripezinha”, Mandetta se mostrou defensor do isolamento social.
Durante a maior parte da gestão da crise a popularidade de Mandetta esteve em alta, o que impedia Bolsonaro de colocá-lo para escanteio (pelo menos sem prejuízos políticos e de imagem). A situação mudou um pouco após a participação do então ministro do Fantástico, da Rede Globo.
Pesquisas indicaram que sua popularidade caiu após participar do programa, o que deu uma breche para que a mudança no Ministério da Saúde ocorresse logo.
Com a saída de Mandetta encaminhada, logo surgiram os questionamentos: o que muda a partir de agora e o que acontecerá com o isolamento social?
Novo ministro já foi apresentado pelo Planalto
O substituto de Mandetta foi anunciado na tarde de hoje. O oncologista Nelson Teich foi escolhido para assumir a pasta. Entretanto, a controvérsia aqui se dá por conta do fato de Teich já ter elogiado publicamente as ações de Mandetta, dizendo inclusive que se tratava de uma “atuação brilhante”.
Durante o início da semana já se discutia um perfil ideal para assumir o cargo. Essa pessoa deveria ser acadêmica, da saúde e conservador. Sob esse filtro o nome de Nelson Teich foi aprovado, mas a impressão que fica é que Bolsonaro pode ter oferecido o cargo a mais um opositor, pelo menos no que diz respeito às medidas relacionadas ao COVID-19.
Segundo a CNN, Teich recentemente chegou inclusive a criticar o isolamento vertical de Bolsonaro, além de uma polarização da crise do coronavírus:
“Vamos começar falando sobre a polarização que está acontecendo entre a saúde e a economia. Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal”, concluiu. – Teria dito o novo ministro.
Teich ainda não se pronunciou oficialmente sobre como lidará com o COVID-19 a partir daqui. Dessa forma, a sequencia do isolamento social passa a ser uma incógnita. O STF autorizou que prefeitos e governadores promovam suas próprias políticas de isolamento, mas isso foi em um momento diferente, onde o Ministério da Saúde e Bolsonaro não falavam a mesma língua.