O rastreamento de celulares para conter a COVID-19 é uma violação de privacidade?
Privacidade da população pode estar sendo violada sob a justificativa do combate à COVID-19
Apple, Google, Microsoft, dentre outros, estão constantemente envolvidos em polêmicas que envolvem o desrespeito à privacidade de seus clientes. De tempos em tempo surge uma polêmica envolvendo essa questão, seja por compartilhamento ou captação de dados sem autorização, seja por vazamentos.
A novidade agora fica por conta da união entre as produtoras de smartphones e empresas de telefonia. Os dois grupos tem mantido conversas junto aos governos para monitorar a situação da COVID-19 (e com monitorar a situação, leia monitorar os usuários).
O objetivo é impedir que pessoas contaminadas furem a quarentena, espalhando a doença para mais pessoas. Até aí, no mundo ideal, funcionaria bem. O problema é que estamos falando de empresas que não oferecem muita confiança por seus históricos.
Todos sabem que somos monitorados constantemente, por governos e organizações privadas. Cada termo de uso aceito sem ler significa dados valiosos fornecidos para terceiros. Cada app de rede social baixado significa o compartilhamento de dezenas de dados.
Entretanto, ainda há uma “escolha” nesses casos. Se não quiser fornecer informações ao Facebook, não use seus serviços. Isso vale para diversas empresas.
Quando a opção da escolha desaparece é que surge a preocupação. Pessoas serão monitoradas mesmo após estarem livres da doença. Pessoas não doentes também são monitoradas para medir a efetividade das medidas de isolamento social.
Por mais que a ideia tenha um bom objetivo, a execução é extremamente preocupante, principalmente pelos atores envolvidos. Tendo dito tudo isso, fica o questionamento: até onde é legítimo o acompanhamento de pessoas sem consentimento? Está havendo uma invasão deliberada da privacidade das pessoas?
CEO da Apple diz que é possível fazer o monitoramento sem invadir a privacidade
Segundo Tim Cook, CEO da Apple, é sim possível realizar o monitoramento dos smartphones sem violar a privacidade dos usuários. Em tweet publicado em sua conta pessoal, ele falou também sobre a cooperação com o Google no combate à COVID-19:
“O rastreamento de contatos pode ajudar a diminuir a propagação do COVID-19 e pode ser feito sem comprometer a privacidade do usuário. Estamos trabalhando com @sundarpichai & @Google para ajudar as autoridades de saúde a aproveitar a tecnologia Bluetooth de uma maneira que também respeite a transparência e o consentimento.”
A respeito do projeto das duas gigantes em parceria, o TNW explica que, em maio, as duas empresas lançarão APIs que permitem a interoperabilidade entre dispositivos Android e iOS usando aplicativos de autoridades de saúde pública. Os usuários poderão baixar esses aplicativos do Google Play e da Apple App Store.
No final do ano, as empresas esperam permitir uma plataforma mais ampla de rastreamento de contatos baseada em Bluetooth, incorporando essa funcionalidade em suas plataformas subjacentes. Essa será uma solução mais robusta que uma API e permitirá que mais pessoas participem, se optarem por participar, além de permitir a interação com um ecossistema mais amplo de aplicativos e autoridades governamentais de saúde.
- Ouça nosso podcast: Webitcast #11 – Privacidade e Criptomoedas