Blockchain Games, NFTs e Metaverso

O mercado cripto continua demonstrando sua versatilidade e capacidade de originar novas formas de interação econômica e social entre os indivíduos.

Se há alguns meses o crescimento dos protocolos DeFi começava a chamar a atenção devido às possibilidades de disrupção e desintermediação de serviços financeiros, hoje o setor de games em blockchain e NFTs passa a conquistar cada vez mais atenção e ganha um importante aliado, o conceito de metaverso.

Dados de outubro, do DappRadar, mostram que, pela primeira vez, mais de dois milhões (2,16 milhões) de UAW (usuários ativos) se conectaram a dapps (aplicativos descentralizados) de blockchain diariamente. 

Isso representa um aumento de 21,24% em relação à média de uso de setembro e uma melhoria de 626,5% ano a ano. 

Porém, o que chama mais a atenção é que, mesmo que DeFi tenha sido a categoria que mais melhorou em termos de crescimento, os games em blockchain ainda representam a maior parte da atividade na indústria de dapps. Mais de 1 milhão de UAW conectados a dapps de jogos em outubro, 55% do total.

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Fonte: DappRadar

Veja também: Indústria GameFi mudará o mundo das finanças tradicionais

A vantagem da descentralização

Um dos motivos para o sucesso e potencial dos games em blockchain é a possibilidade de monetização para os usuários. 

Os jogos play to earn, como o Axie Infinity, mostraram que é possível a construção de um ambiente de geração de renda para os jogadores. 

Isso é possível graças à consolidação do conceito de escassez digital, em que os NFTs, ou tokens não fungíveis, cumprem um papel importante, o de permitir que os usuários tenham posse dos ativos conquistados no jogo. 

Funciona assim: você conquista um objeto durante o jogo e os ativos provenientes dessa conquista passam a ser seu e não mais ficar custodiado com a empresa desenvolvedora do jogo. 

Essa autonomia faz toda a diferença e torna ainda mais atraente a atividade de jogar games

Metaverso

Tudo isso se expande ainda mais quando passamos a ter o advento do conceito de metaverso, que nada mais é que a interação virtual entre as pessoas, em um ambiente digital com inúmeras possibilidades. 

E quando se trata de blockchain, essa interação também pode ser monetizada e proporcionar um ecossistema econômico próprio.

Origem do termo

O termo metaverso foi lançado através do romance de ficção científica de Neal Stephenson, de 1992, chamado Snow Crash. A história se passa em Los Angeles e retrata um mundo pós-colapso econômico global, dominado por corporações, onde as pessoas interagem na realidade virtual paralela representada pelo metaverso. Mais tarde, em outro romance, Ernest Cline usou o mesmo conceito em sua obra “Ready Player One”, que em seguida virou um filme de Steven Spielberg.

Potencial desse mercado

Estes são alguns pontos que podem tornar a tese de investimento em tokens desses segmentos atrativa:

  • Os jogos em blockchain representam a propriedade digital genuína dos ativos que os usuários utilizam na interação com as plataformas de jogos. 
  • Em plataformas de jogos centralizadas, caso ocorra uma falha, o usuário perde o ativo. Já os jogos em blockchain permitem aos jogadores que , além de adquirirem os ativos, possuam de fato os itens digitais coletados.
  • Como os itens do jogo são identificados como Tokens Não Fungíveis (NFTs), os jogadores podem transferir seus ativos de um jogo para outro, mantendo sua escassez digital, a segurança e a autenticidade.
  • Tudo isso pode impulsionar uma demanda significativa por produtos e serviços digitais e pode criar um mercado de bens digitais baseado em propriedade real.  
  • Grandes empresas como Facebook, Microsoft, EpicGames, Ubisoft, entre outras anunciaram interesse no setor de Metaverso. 
  • Projetos como o The Sandbox são projetados para disruptar o mercado de jogos tradicionais, que controlam o conteúdo gerado pelo usuário e também seus direitos e dados. Nos games em blockchain, os usuários têm propriedade absoluta sobre suas criações.
  • Nos últimos meses houve um aumento no número de celebridades interessadas por esse setor. Entre elas, Lindsay Lohan, Paris Hilton, Shawn Mendes, Snoop Dog, Kate Moss, entre outras. 

Aumento do tempo gasto pelas pessoas em ambientes virtuais

O crescimento da indústria de videogames também é algo favorável.

De acordo com a TheNPDGroup, de 2019 até o momento, o tempo gasto jogando saltou de uma média de 12,7 horas por semana para 16,5 horas. 

Uma indústria de US$ 180 bilhões

De acordo com o Global Games Market Report, da Newzoo, o mercado global de jogos está indo rumo a fechar 2021 com a geração de US$ 180 bilhões em receita e mantendo essa mesma taxa de crescimento anual (CAGR), de 8,7%, pode gerar mais de US$ 218 bilhões em 2024.

O conceito de escassez digital e a descentralização, possibilitada pela tecnologia blockchain, podem levar a interação virtual a um novo nível em termos de monetização e ao aumento da adoção de novos usuários para o mundo cripto. 

Por Ayron Ferreira | Analista CNPI 2824