Bitcoin polui muito menos que o ouro e as instituições bancárias

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Estudo indica que o Bitcoin está longe de ser o vilão que muitos desenham. Imagem: Wallpaper Cave

Discussões acaloradas têm dado o que falar na internet a respeito da pauta; mas um estudo indica que os impactos são bem menores do que muitos imaginam.

Confusão

Recentemente, vários projetos têm enfrentado problemas ao implementar tecnologias blockchain devido a pressões dos usuários. Alguns afirmam que os impactos que as criptomoedas causam ao meio ambiente são imensuráveis, portanto, seu uso deveria ser evitado.

ArtStation, um marketplace criado para artistas digitais, cancelou sua plataforma de tokens não fungíveis (NFTs) poucas horas após seu anúncio. Segundo a empresa, muitos usuários foram contra a iniciativa, pois acreditam que seria “ecologicamente antiética”.

Alguns artistas fizeram publicações contra o emprego da tecnologia, afirmando tratar-se de um “esquema de pirâmide” e “um pesadelo ambiental”.

Enfim: será que as criptomoedas são realmente tão ruins para o meio ambiente? Ou tudo não passa de um grande exagero?

Dados gerais

Um estudo, intitulado “Comparing Bitcoin’s Environmental Impact…” (“Comparando o Impacto Ambiental do Bitcoin”, em tradução livre), foi lançado por Hass McCook em abril de 2021. Os impactos ambientais do Bitcoin foram comparados com a mineração de ouro e com as instituições bancárias tradicionais.

Segundo o autor, “o consumo energético do Bitcoin e seu impacto ambiental é um assunto comentado regularmente, porém, raramente compreendido”. Seu consumo é normalmente comparado a pequenas nações ou outras comparações sem sentido. “Críticos sequer são capazes de separar “uso energético” de “uso de eletricidade”, completou.

Cerca de um bilhão de pessoas não possuem acesso à grade elétrica, mas fazem bom uso de combustíveis físicos. De acordo com o estudo, dos 160.000 TWh gerados anualmente, cerca de 50.000 TWh são desperdiçados por ineficiência; metade do valor desperdiçado está relacionado à grade.

De acordo com o gráfico abaixo, a maior parte da produção de eletricidade no mundo está relacionada à queima do carvão, seguida de gás e hidrelétricas.

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Fonte: Hass McCook (Medium)

Ouro

A mineração do ouro, em 2020, produziu 20 toneladas de dióxido de carbono (CO2) e consumiu 48.6 MWh de energia – e parte dos números são omitidos por conta de limitações de dados. Um estudo da Universidade de DePaul acredita que a emissão de CO2 gira em torno de 35 toneladas por ano.

Além disso, a atividade consumiria cerca de 79.9MWh para mineração e refinamento, enquanto a reciclagem do ouro produziria 37 toneladas de CO2 e consumiria 31.3 MWh de energia.

Com isso, a indústria do ouro consome um total de 265 TWh para funcionar, além de 145 toneladas métricas de CO2 na atmosfera.

Bancos

McCook lançou um paper em 2014 a respeito do consumo energético atrelado às instituições bancárias; foi calculado, à época, um consumo anual aproximado de 660 TWh para sustentar sistemas bancários, caixas de autoatendimento, emissão de notas, moedas etc.

Contudo, nos dias de hoje, é possível afirmar que o consumo gira em torno de 700 TWh, além da emissão de 400 toneladas métricas de CO2 – segundo cálculos conservadores.

Bitcoin

McCook diz fazer uso confortável da Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index, plataforma web que monitora o consumo elétrico da criptomoeda de forma bastante atualizada.

De acordo com a plataforma, o Bitcoin utiliza 113 TWh de energia anualmente. Apesar de não haver informações a respeito do uso de energias renováveis, o alto consumo de rede naturalmente obriga os mineradores a buscarem fontes mais acessíveis de energia – e as renováveis tendem a ser as melhores opções.

De acordo com o cálculo global de 0.6 toneladas de CO2 por kWh produzidos, a mineração de Bitcoin emite cerca de 70 toneladas de dióxido de carbono anualmente.

Conclusão

Diferentemente do que muitas mentes aflitas acreditam, o Bitcoin causa menos da metade da poluição que a exploração do ouro proporciona, além de consumir muito menos energia.

Em comparação com as instituições bancárias tradicionais, o consumo energético e a emissão de poluentes do Bitcoin são inferiores a 20%.

Em síntese, o Bitcoin não é o verdadeiro vilão desta história, e sim as instituições centralizadoras e com aval governamental para funcionar normalmente – ainda que às custas da vida na Terra.

Foto de Rafael Motta
Foto de Rafael Motta O autor:

Jornalista, trader e entusiasta de tecnologia desde a infância. Foi editor-chefe da revista internacional 21CRYPTOS e fundador da Escola do Bitcoin, primeira iniciativa educacional 100% ao vivo para o mercado descentralizado. Foi palestrante na BlockCrypto Conference, em 2018.