Confira os 4 motivos da instabilidade das criptomoedas durante a guerra
A flutuação dos preços das criptomoedas envolve questões socioeconômicas diversas; algumas delas podem influenciar diretamente o comportamento mercadológico dos ativos digitais.
Fortes mudanças
Novatos ou experientes, todos sabem que a volatilidade das criptomoedas é bastante agressiva em comparação a outros ativos tradicionais. Mas o conflito Rússia x Ucrânia criou um verdadeiro fuzuê em todos os mercados – inclusive o descentralizado.
O mercado cripto está em tendência de baixa, mesmo antes do conflito: ontem (9), o Bitcoin (BTC) estava sendo negociado a cerca de US$ 42 mil por unidade; hoje (10), seu valor unitário caiu 7,33% (US$ 39.181), segundo dados do CoinMarketCap.
De acordo com a performance do ativo nos últimos 7 dias, os preços estão lateralizados; as principais altcoins também apresentaram um comportamento parecido, como era de se esperar.
Confira alguns dos possíveis motivos que levaram à forte oscilação de curto prazo nos ativos digitais:
Conflito prolongado
O governo russo acreditava que o ataque duraria apenas algumas horas, tendo em vista que sua força militar é muito maior que a ucraniana. Entretanto, parece que os oficiais não esperavam por tamanha resistência da vítima.
Segundo informações da Folha, o avanço da Rússia está estagnado, ainda que os bombardeios continuem em determinadas regiões. Além disso, conforme noticiado pela Reuters, o Kremlin disse que a economia está em “choque” devido ao conflito armado.
- Veja também: Ucrânia 2022: O poder das criptomoedas
Apoio global à Ucrânia
Mais de US$ 108 milhões em criptomoedas foram enviados aos cofres públicos ucranianos. O ataque desproporcional sofrido pelo país exigiu ações filantrópicas de todo o mundo.
Salvo países nitidamente ditatoriais, como Cuba, Coreia do Norte e Venezuela, grande parte das nações declararam apoio à soberania ucraniana.
Instabilidade na Europa
A Rússia é a principal fornecedora de gás para o continente europeu: sem seu fornecimento, boa parte dos lares ficam sem aquecimento durante os rígidos períodos de inverno. Por conta disso, a União Europeia estuda maneiras alternativas de aquecer os lares sem que exista uma dependência por parte do parceiro da China.
Além disso, o país fornece petróleo, trigo e outras commodities de extrema importância para vários países – inclusive o nosso. Rússia e Ucrânia estão entre os maiores fornecedores de trigo e milho do mundo; o conflito fez com que, na Itália, o macarrão registrasse alta de 30% em poucos dias.
Embargos
Dezenas de países decretaram severas sanções econômicas contra a Rússia. Além disso, várias empresas privadas, por espontânea vontade, decidiram deixar de oferecer seus produtos e serviços no país, a exemplo das gigantes Visa, Mastercard e Microsoft.
Tais medidas, ainda que necessárias para sufocar a economia do atacante, causam sérios impactos à saúde econômica da população no curto prazo: a descapitalização da população leva à incerteza com relação a todos os aspectos financeiros, inclusive o mercado descentralizado.
Conclusão
Um dos maiores blocos econômicos do mundo está sendo severamente afetado pelo conflito: tanto Rússia como Ucrânia são fornecedores importantíssimos de commodities essenciais para a indústria. Fechar negócios com países em guerra sempre é algo muito arriscado e caro – o que, obviamente, afastou os investidores que querem capitalizar pacificamente.
Esta é a primeira vez que criptomoedas são utilizadas dentro de um contexto de guerra. Por serem descentralizadas e extremamente seguras, tornaram-se uma excelente opção para garantir uma fonte de renda segura e inviolável.
O cientista político Heni Ozi Cukier afirmou, ingenuamente, que “democracias não atacam outras democracias”. Em que pese a verdade, Sócrates já havia alertado que a democracia não passa de um dos caminhos que levam ao autoritarismo – e a Rússia seria o exemplo mais moderno de sua afirmação, que quase o levou à morte.
Tecnologias descentralizadas e distribuídas mostraram-se eficientes contra a tirania, ainda que brevemente afetadas pela instabilidade global. No mais, as criptomoedas são uma opção segura contra as más escolhas estatais e estão colaborando no combate à covardia.
Jornalista, trader e entusiasta de tecnologia desde a infância. Foi editor-chefe da revista internacional 21CRYPTOS e fundador da Escola do Bitcoin, primeira iniciativa educacional 100% ao vivo para o mercado descentralizado. Foi palestrante na BlockCrypto Conference, em 2018.