Ethereum 2.0: veja o que esperar da próxima grande atualização
Mudanças drásticas foram prometidas; caso todas elas sejam colocadas em prática, a eficiência da rede dará um salto histórico.
O que esperar do Ethereum?
Acredita-se que a segunda blockchain mais popular do mundo receberá a tão aguardada atualização até o final deste ano. Com ela, mudanças realmente profundas passarão a fazer parte do ecossistema, o que afetará diretamente usuários e desenvolvedores.
O processo, intitulado “The Merge”, fundirá a rede atual do Ethereum (ETH1/Execution Layer) com a Beacon Chain (ETH2/Consensus Layer). A Beacon Chain foi oficialmente lançada no dia 1º de dezembro de 2020 e introduziu grandes mudanças futuras para a blockchain.
Conheça-as:
Alteração do mecanismo de consenso
O processo de mineração atual do Ethereum é conhecido como Proof-of-Work (PoW), ou Prova de Trabalho. Por meio dele, dispositivos dedicam poder computacional para criar tokens Ether (ETH), validar transações e garantir velocidade à rede.
Porém, esta modalidade de mineração está com os dias contados no Ethereum: o mecanismo de consenso será alterado para Proof-of-Stake (PoS), também conhecido como Prova de Participação.
Por meio do protocolo PoS, usuários bloqueiam parte de seu saldo em carteiras específicas para garantir velocidade e liquidez à rede. Com o tempo, é possível resgatar o valor investido, acrescido de juros.
Muito mais transações por segundo
Uma das maiores limitações do Ethereum em seu estado atual é a velocidade da rede; ela é capaz de executar até 30 transações por segundo. Isso causa lentidão e congestões na rede, além de encarecer as taxas de transação.
Desenvolvedores dizem que a rede, após a grande atualização, será capaz de executar até 100 mil transações por segundo – muito mais rápido que grandes plataformas de pagamento, como o PayPal.
Consequentemente, as taxas de transação também serão muito mais baixas, tendo em vista que o custo por transação será drasticamente reduzido.
Atualização ecologicamente correta
O ecossistema Ethereum se tornará 99,95% mais eficiente em termos energéticos. Acredita-se que não será mais necessário gastar tanta energia quanto um pequeno país para executar a blockchain de maneira adequada.
Tendo em vista que máquinas de mineração não serão mais necessárias para executar nós (nodes) de staking, tal alegação parece coerente.
Segurança aprimorada
Em teoria, invadir redes PoS é muito mais complicado (e caro) que redes PoW. Ataques de 51% poderão ser rapidamente identificados e podem ser desviados da rede principal em caso de sucesso.
Sharding
O processo de sharding (fragmentação) da rede será implementado entre 2023 e 2024, ou seja, ele não deverá ser lançado no dia da grande atualização. Ele tem como objetivo dividir horizontalmente a base de dados da blockchain para descentralizar sua carga de uso.
O sharding funcionará em conjunto com os rollups de camada 2 (Layer 2) para dividir o fardo de lidar com grandes quantidades de dados necessários para rollups em toda a rede Ethereum.
Com isso, qualquer usuário será capaz de rodar um nó de rede, o que aumentará a participação da comunidade e a segurança geral do ecossistema.
Considerações finais
As promessas do time de Vitalik Buterin, fundador do Ethereum, são bastante ousadas e a comunidade cripto aguarda por elas há muitos anos.
Caso tudo seja cumprido, o ecossistema Ethereum se tornará a tecnologia descentralizada e distribuída mais eficiente do mundo em termos energéticos e de performance. A concorrência certamente sofrerá com isso.
Contudo, a fórmula para evitar decepções é evitar grandes expectativas; assim que a data de lançamento for anunciada, muitos usuários iniciarão discussões que geram combustão. É recomendável manter certa distância e aguardar informações confiáveis.
Jornalista, trader e entusiasta de tecnologia desde a infância. Foi editor-chefe da revista internacional 21CRYPTOS e fundador da Escola do Bitcoin, primeira iniciativa educacional 100% ao vivo para o mercado descentralizado. Foi palestrante na BlockCrypto Conference, em 2018.