Congresso dos Estados Unidos adota tom positivo em relação às criptomoedas durante audiência realizada recentemente
Uma audiência realizada hoje no Comitê sobre Agricultura do Congresso dos Estados Unidos mostrou um tom positivo do órgão em relação aos impactos que as criptomoedas e ativos digitais podem causar na economia.
A audiência envolveu acadêmicos, engenheiros e empresários da indústria das criptomoedas. Dentre eles estavam:
- Joshua Fairfield, professor de Direito nas universidades William Donald Bain Family, Washington e Lee University School of Law;
- Amber Baldet, co-fundadora e CEO da Clovyr;
- Scott Kupor, gestor associado da Andreessen Horowitz;
- Daniel Gorfine, diretor da LabCFTC e chefe de inovação na Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos Estados Unidos (CFTC);
- Gary Gensler, professor sênior da MIT Sloan School of Management;
- Lowell Ness, gestor associado da Perkins Coie LLP;
Papel do Bitcoin em suposto hack de emails
O recente indiciamento de 12 hackers russos por estarem supostamente envolvidos com as eleições de 2016 foi trazido à tona. O Bitcoin foi mencionado como uma forma para os hackers financiarem suas atividades, além de ser questionado até que ponto a criptomoeda os auxiliou a esconderem suas identidades.
Contudo, membros do comitê foram informados de que os registros públicos do Bitcoin permitiram aos investigadores rastrear os fundos de forma mais fácil do que seria para rastrear dinheiro. O diretor do comitê, Michael Conaway, afirmou:
“Enquanto criminosos estúpidos continuarem utilizando o Bitcoin, será ótimo.”
Audiência mais técnica e detalhada do que as anteriores
Com diversos especialistas sobre o assunto presentes, a discussão foi muito mais detalhada do que as anteriores, como as que foram realizadas na SEC.
Amber Baldet salientou de forma feliz o papel atual da tecnologia blockchain como uma estrutura aberta, construída sobre tecnologia open source, assemelhando-se à infraestrutura da Internet. Em seu estado atual, a tecnologia blockchain tem o potencial de se tornar novas tecnologias fundacionais, como o protocolo de email SMTP. Baldet, por fim, recomendou uma regulamentação sensível e moderada.
Ela afirmou que o comitê pode adotar uma postura mais proativa em relação às regulamentações, a fim de apoiar o blockchain em sua jornada para se tornar uma infraestrutura global, assim como o país do Tio Sam fez com a internet. Isso contrasta com as regulamentações reacionárias.
Representante da CFTC faz recomendações
As perguntas de alguns membros do comitê se relacionaram com as preocupações comuns, acerca da volatilidade do valor do Bitcoin e de golpes por meio de ICOs. Gorfine, da CFTC, concordou que existem muitas figuras com intenções escusas na esfera, completando que mais de 80% das ICOs faliram.
Contudo, Daniel Gorfine declarou que seu trabalho está focado no aspecto fintech, auxiliando na educação de investidores e reguladores, com foco em entender a tecnologia e evitar golpes. A falta de educação é uma ampla fonte para fraudes na indústria, em conjunto com as regulamentações opacas.
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Gary Gensler encorajou decisões regulatórias rápidas para manter figuras inovadoras nos EUA
Gary Gensler, professor sênior da MIT Sloan School of Management, encorajou uma tomada de decisões mais rápida sobre regulamentações sensíveis, a fim de manter inovadores nos Estados Unidos.
Gensler acredita que regulamentações restritivas ou incertas podem fazer com que os benefícios inovadores e econômicos abandonem o país. Se outros países ultrapassarem os Estados Unidos nesta indústria, isto pode ser um problema. A história dos outros setores mostrou que, uma vez que os inovadores deixam o país, é mais difícil trazê-los de volta após as decisões regulatórias serem tomadas.
Conclusão: preocupações em relação à centralização
O diretor Conaway concluiu que a audiência foi elucidativa para a comissão sobre diferentes problemas.
Entretanto, uma preocupação recorrente durante a audiência foi a centralização de capital e mineração de Bitcoin. Um dos problemas é que apenas algumas carteiras contêm mais de 90% de todo Bitcoin em circulação. Outro ponto é que os maiores mineradores de Bitcoin estão na China e na Rússia que, juntos, representam 50% da capacidade total de mineração. Ademais, a Bitmain tem expandido seus negócios globalmente.
No geral, é encorajador ver que o comitê levou especialistas da indústria privada e acadêmicos para informá-los sobre as complexidades das tecnologias em torno do blockchain. O grupo apresentou uma boa sinergia em relação às suas especialidades na indústria. Os membros do comitê poderiam repetir o formato em futuras audiências, tendo em vista que eles ainda estão aprendendo sobre as novas tecnologias.
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Fonte: CCN