Vitalik Buterin sobre o mérito da descentralização: “Eu não posso forçar o Ethereum a adotar os códigos que eu escrevo”
Durante a conferência TechCrunch: Sessions Blockchain 2018 realizada em Zug, na Suíça, o criador do Ethereum explicou a natureza descentralizada de seu blockchain e o mérito em eliminar pontos de falha.
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Descentralização no Ethereum
Diferente do Bitcoin, os criadores do Ethereum são comunicativos, acessíveis e conhecidos na comunidade financeira e das criptomoedas. Figuras como Vitalik Buterin, Joseph Lubin e Charles Hoskinson se tornaram influentes empresários e desenvolvedores da indústria blockchain.
Uma concepção comum e errônea sobre o Ethereum é que o conhecimento público sobre a identidade de seus criadores torna a rede vulnerável a pontos de falha e, se estes indivíduos forem forçados de forma violenta a alterarem o blockcain, a rede estará em apuros.
Em suma, esta teoria simplesmente não faz sentido. Conforme afirmou o ex-CEO da Goldman Sachs, Lloyd Blankfein, grandes ativos como Bitcoin e Ether, a criptomoeda nativa do Ethereum, são moedas de consenso. Elas são operadas sem a presença de partes centrais, são sustentadas sem o envolvimento de intermediários, através de uma rede descentralizada de desenvolvedores e usuários que possuem a habilidade de chegar a um consenso através de diversos métodos.
Atualmente, o Ethereum é uma rede proof of work (PoW), significando que miners e nós têm poder para adotar ou rejeitar códigos de desenvolvedores dentro do ecossistema Ethereum.
Se Vitalik Buterin e sua equipe de desenvolvedores criarem um hard fork para alterar ou melhorar um elemento no blockchain Ethereum, toda a comunidade de miners, usuários e operadores de nós deverá ser levada em consideração e, se um consenso não for obtido, o upgrade do software é rejeitado e o hard fork é desconsiderado, ou é criada uma nova cadeia – como aconteceu com Ethereum e Ethereum Classic.
Buterin explicou:
“O que acontece com desenvolvedores é que nós somos pessoas fungíveis. Um desenvolvedor abandona um projeto e outro pode continuar desenvolvendo no lugar dele. Se alguém colocar uma arma na minha cabeça e me mandar escrever um patch de hard fork, eu certamente irei fazê-lo. Eu vou emiti-lo no GitHub, eu vou escrever o código, publicá-lo e farei tudo que pedirem. Se eu criar um hard fork para deletar diversas contas, quantas pessoas estarão dispostas a fazer o download, realizar a instalação e mudar para esta versão? Isso se chama descentralização.”
O custo da descentralização
O principal mérito da descentralização é a inexistência de autoridades centrais, e a inabilidade de um grupo centralizado de pessoas manipular a rede ou protocolo. Contudo, decentralização é cara, ineficiente e, na maioria dos casos, utilizar um blockchain público para processar informação de forma peer-to-peer é muito improdutivo.
Porém, em alguns casos, o custo para fazer funcionar uma rede descentralizada com intuito de processar informações pode ser justificado em áreas como pagamentos, seguros, imóveis, transferência de ativos e negociações.
Ether, por exemplo, é uma moeda de consenso baseada na rede Ethereum, que é imutável, transparente e open source. Se Ether for colocada em uma base de dados centralizada, seu valor como moeda de consenso desapareceria.
Conforme Buterin enfatizou, é importante para indivíduos, negócios e desenvolvedores estarem atentos à natureza ineficiente da tecnologia blockchain como uma rede de processamento de dados, e focar no lançamento de aplicações descentralizadas que realmente requerem descentralização para atingirem seu desempenho pleno.
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Fonte: CryptoSlate