Allianz vê uma grande oportunidade no ramo de seguro de criptomoedas

Grandes companhias de seguro, como XL Group, AIG e Chubb, têm oferecido serviços de seguro para criptomoedas na surdina, à medida em que blockchain e criptomoedas recebem cada vez mais aceitação do público.

Embora as companhias de seguro ativas neste setor não estejam publicando suas atividades, aqueles entrevistados afirmam que elas são capazes de evitar perdas, assim como podem se evadir da responsabilidade.

Segundo o Bloomberg, mais de uma dúzia de seguradoras estão prestando serviço de cobertura para criptomoedas, embora a maioria delas, quando contatadas, optem por não prestarem entrevistas.

Enquanto isso, mais startups do setor cripto estão dando importância aos seguros, mostrando um reconhecimento sobre a necessidade de proteção contra crimes, bem como cobertura para ações contra executivos e membros de empresas.

Lucas Nuzzi, diretor de tecnologia da Digital Asset Research, afirmou que seguros são uma necessidade para as cripto companhias, pois quanto mais proteção uma empresa tiver, mais fácil será para ela trabalhar com bancos.

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Alto custo

Contudo, os serviços não são baratos, tendo em vista que as seguradoras, em alguns casos, estão cobrando mais de cinco vezes o valor normalmente cobrado pelas empresas do ramo.

Startups do setor cripto podem pagar ágios de até 5% de cobertura anualmente. Companhias buscando uma proteção maior podem ter até 12 seguradoras, cada uma delas podendo oferecer de US$5 milhões até US$15 milhões em cobertura, ressaltou uma das fontes.

Mike Belshe, CEO da BitGo, afirmou que a companhia se encontrou com 75 seguradoras em maio, após descontinuar a contratação de serviços de cobertura em 2016, devido ao custo. A companhia se tornou uma das primeiras na indústria a possuírem tal proteção, desfrutando dela já em 2015.

Allianz vê “grande oportunidade”

Christian Weishuber, representante da Allianz, afirmou que o seguro para armazenamento de criptomoedas representa uma grande oportunidade. A empresa tem oferecido cobertura individual para roubos de criptomoedas desde 2017. Weishuber disse que ativos digitais estão se tornando mais relevantes para a “economia real”.

As corretoras de seguros Aon e Marsh & McLennan assertaram que o ramo de negócios de seguros para criptomoedas tem sido bom este ano, apesar do custo ser alto demais para muitas companhias da esfera.

Marsh & McLennan criou uma equipe de dez pessoas para servir startups relacionadas a blockchain.

A Aon acelerou sua política padrão de seguros, visando agilizar seu processo de seguros. A corretora, que alega deter metade da parcela do mercado de seguros para criptomoedas, afirmou que algumas seguradoras ajustaram suas políticas gerais para oferecerem cobertura específica para criptomoedas.

Nenhuma das duas corretoras nomeou seus parceiros do setor cripto.

As corretoras também afirmaram que não ouviram falar sobre seguradoras tendo que pagar por perdas de criptomoedas, apesar de todos os relatos de roubos e hacks que permeiam setor.

As apólices variam

As coberturas variam.

A AIG afirmou que após se encontrar com plataformas de troca de criptomoedas e serviços de custódia, a seguradora incluiu cobertura de criptomoedas em sua apólice padrão, embora não tenha divulgado quantos negócios já fechou na área.

A XL, por sua vez, afirmou que tem adotado uma postura cautelosa para analisar os riscos, tendo avaliado o instituto de cobertura em casos individuais, sem querer dar mais detalhes.

A Chubb indicou que não busca oferecer serviços de cobertura para carteiras ou exchanges, optando por também não especificar quais tipos de cripto negócios ela cobre.

A Lloyd publicou diretrizes este mês sobre cobertura de criptomoedas, e instruiu agentes a exercitarem cautela em relação às criptos.

A Coinbase possui cobertura para uma parte de suas posses em criptomoedas, incluindo cobertura para fundos roubados em carteiras online. As revelações da companhia, entretanto, não indicaram a quantidade coberta para os depósitos armazenados offline.

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Japão lidera

Os serviços de cobertura parecem estar mais disponíveis em companhias japonesas.

A Mitsui Sumitomo Insurance cobre riscos internos e externos, incluindo roubo perpetrado por funcionários, erros, acesso não autorizado, etc. A seguradora também fornece auditorias de segurança, além de checar o histórico dos funcionários antes das contratações.

Um fornecedor de serviços de transação, bitFlyer, oferece cobertura para transações de pagamento no Japão, cobrindo problemas de gateway dos vendedores, caso fortuito e atrasos nas transações para companhias com sistemas POS. A cobertura é oferecida através da Mitsui Sumitomo Insurance.

Alguns consideram auto seguro

Algumas cripto companhias estão explorando se auto assegurarem, por conta do alto custo das apólices disponíveis atualmente. Além do alto custo e a demora na aprovação, algumas apólices fazem exclusões em coberturas cruciais. Por exemplo, uma perda advinda de uma interrupção no serviço pode ser coberta, enquanto perdas ocorridas por conta de roubos não são. Alguns alegam que algumas exclusões fazem com que apólices sejam inúteis.

Trustology, uma companhia londrina focada em serviços de custódia para criptomoedas, está buscando proteger contas com até 85 mil libras, que é o padrão de cobertura dos bancos do Reino Unido, além de estar considerando auto assegurar os fundos de seus clientes.

Cryptalgo, que auxilia traders institucionais, está explorando se auto assegurar por conta das exclusões presentes nas apólices, segundo o COO da companhia, Hillik Nissani.

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Seguradoras são questionadas

As seguradoras, enquanto isso, são questionadas conforme realização a expansão para a esfera das criptomoedas.

Em virtude da flutuação dos valores das criptomoedas, decorrente da volatilidade, as coberturas podem não ser suficientes em alguns casos. Isso aconteceu com a Circle Internet Financial, afirmou o CEO, Jeremy Allaire.

Para lidar com esta questão, companhias de seguros podem precisar assegurar seus clientes com base no valor, independente do preço. As flutuações podem provocar movimentações ainda maiores nos ágios, tornando a situação não gerenciável para seguradoras e seus clientes.

Golpes de phishing representam outro desafio. Se este tipo de ataque fizer com que criptomoedas sejam enviadas para a carteira errada, pois o cliente falhou em checar o certificado SSL para certificar a identidade do servidor, deverá a seguradora se responsabilizar pelas perdas?

Fonte: CCN