Alta do Bitcoin encontra obstáculos apesar de fundamentos sólidos

Com 88% da oferta em lucro e fundamentos estáveis, o Bitcoin mostra força, mas fatores macroeconômicos e riscos inesperados podem atrasar a próxima alta histórica.
Apesar de enfrentar certa volatilidade nos últimos dias, o Bitcoin mantém uma base de mercado sólida, com 88% de sua oferta circulante atualmente em lucro, segundo dados da Glassnode. A criptomoeda se recuperou com firmeza das mínimas de abril, quando chegou perto de US$ 75 mil, e agora consolida sua posição acima dos US$ 94 mil.
Indicadores on-chain reforçam essa resiliência. O índice MVRV (Market Value to Realized Value), que avalia o lucro geral do mercado em relação ao valor realizado dos ativos, recuou para sua média histórica de 1,74. Esse nível geralmente sinaliza fases de consolidação saudável, como foi visto em agosto de 2022, quando o mercado se estabilizou antes de retomar a trajetória de alta.
Outro dado positivo é que a proporção de lucro/prejuízo realizado voltou a ultrapassar 1,0, mostrando que os investidores estão realizando lucros moderados, sem comprometer a liquidez ou causar pânico no mercado. A volatilidade do Bitcoin também segue controlada, com um recuo de 3,5% no índice de volatilidade composto em 30 dias — o que, segundo analistas, caracteriza uma fase de acumulação.
Contudo, há fatores importantes que podem impedir o BTC de atingir um novo recorde de preço neste ano, mesmo com essa base técnica favorável. O primeiro deles é o sentimento do investidor. Indicadores como o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan e o AAII (American Association of Individual Investors) mostram uma tendência de piora no otimismo, com apenas 20% dos investidores se declarando otimistas e 60% pessimistas.
Além disso, o comportamento do Federal Reserve (Fed) será crucial. O mercado já precificou três cortes nas taxas de juros para 2025, o que tem sustentado os ativos de risco como o Bitcoin. Se o Fed frustrar essas expectativas, mantendo os juros altos por mais tempo, a liquidez pode secar, afetando diretamente a força do BTC.
Outro fator de risco é o chamado “evento cisne negro”: choques imprevisíveis como desastres naturais, ataques cibernéticos ou crises geopolíticas, que podem desestabilizar os mercados de forma abrupta. Nesses cenários, o Bitcoin, apesar de sua descentralização, se comporta como um ativo de alto risco e pode sofrer quedas acentuadas.
No curto prazo, o BTC permanece em um canal de consolidação, com variações diárias modestas entre US$ 93.800 e US$ 95.700. Está a cerca de 13% do recorde histórico de mais de US$ 109 mil, atingido anteriormente neste ano. A superação da marca psicológica dos US$ 100 mil dependerá da força da demanda — seja ela vinda de ETFs, tesourarias corporativas ou do varejo — para absorver possíveis ondas de realização de lucros por parte de detentores de longo prazo.