Análise: o futebol moderno e a adoção de criptomoedas
Criptomoedas aliviaram as tragédias do futebol moderno
Até recentemente, o futebol moderno se resumia em poucas coisas: escanteio curto, chuteira colorida, zagueiro fazendo selfie com língua de fora e ingressos caros demais para os jogos. Argh, que nojo.
Como alguém que cresceu ouvindo o pai contar dos grandes tempos de Júnior, Zico, Adílio, e até teve a oportunidade de ver alguns destes jogos antigos por meio do túnel do tempo que é a internet, o futebol moderno é quase sempre só decepção.
Mas tudo bem, não dá para viver no passado. Gira o mundo, gira a roda. Os tempos mudam – os penteados em campo também e, nesse caso, para pior.
Contudo, algo muito melhor no futebol moderno chamou a atenção nos últimos meses: criptomoedas.
O futebol brasileiro e criptomoedas
No Brasil, tudo começou em julho, quando Corinthians e Atlético Paranaense firmaram parcerias com a cripto startup de Hong Kong, Inoovi.
O acordo consiste na utilização do token da startup, IVI, no pagamento de salários e outras contas, até mesmo um possível sistema de participação de torcedores. Os times brasileiros também deverão promover a startup em seus produtos.
Ainda no Brasil, no mês passado, foi a vez do time catarinense Avaí firmar um acordo com a SportyCo. O plano é um pouco diferente dos outros dois clubes brasileiros: realizar uma ICO de US$20 milhões, a fim de angariar fundos para colocar o clube de volta na série A do Brasileirão, além de conquistar uma possível vaga na Libertadores.
Com o token, os adquirentes poderão comprar ingressos, produtos e até “experiências únicas”, segundo o anúncio feito à época.
Também em julho, o lendário Ronaldinho Gaúcho, ou Bruxo, anunciou o lançamento de sua criptomoeda: a Soccer Coin. O objetivo da moeda é criar escolhinhas de futebol, construir estádios, promover jogos amadores e profissionais de futebol, além de criar estádios com realidade virtual. Um plano ambicioso.
Mas isso foi apenas o Brasil aderindo a um movimento internacional muito maior.
Além dos exemplos acima expostos, o Gibraltar United, clube do qual ninguém nunca tinha ouvido falar antes, afirmou que é o primeiro do mundo a pagar os salários de seus jogadores com criptomoedas.
Gigantes do futebol entram na dança
Mas não apenas clubes esquecidos de Gibraltar estão adotando criptomoedas fora do Brasil. Em setembro, duas grandes potências do futebol europeu anunciaram acordos para implementarem tokens em seus sistemas: Paris Saint-Germain, de Neymar, e Juventus, de Cristiano Ronaldo.
A proposta de ambos os clubes é basicamente a mesma: desenvolver um sistema de tokens para votação e obtenção de vantagens especiais. Desta forma, os torcedores de ambos os clubes poderão participar da escolha de novos uniformes. Além disso, os detentores dos tokens poderão encontrar jogadores e comparecer a alguns jogos.
Além disso, sete times da Premier League, campeonato inglês, firmaram parcerias com a cripto plataforma eToro. Os acordos consistem em patrocínios, que serão pagos em Bitcoins, e os times que firmaram foram: Tottenham Hotspur, Newcastle United, Crystal Palace, Leicester City, Southampton, Brighton & Hove Albion e Cardiff City.
As criptomoedas vão além. Dois dos clubes ingleses acima listados, Cardiff City e Newcastle United, atualmente passam por dificuldades financeiras. Ambos os clubes estão em conversas com a SportyCo, que firmou uma parceria com o Avaí, para lançarem seus próprios tokens.
O objetivo, além de lançar uma ICO para alavancar as economias dos clubes, é utilizar o token para dar os mesmos privilégios pretendidos pelo PSG e pela Juve.
É importante também lembrar da utilização do blockchain na venda de ingressos. Em agosto, a UEFA testou um aplicativo baseado na tecnologia blockchain para vender parte dos ingressos do clássico Real Madrid e Atlético de Madrid. Os testes, conforme relatado pelo Webitcoin, foram bem sucedidos.
Todo esse impulso proporcionado pelo futebol ajuda na chegada das criptomoedas ao mainstream, impulsionando também sua adoção. Os torcedores ficarão familiarizados com tokens e, possivelmente, passarão a investir em criptos. E esse é só o começo.
É bom saber disso. Ampliar a adoção é algo de bom que nós conseguimos extrair do futebol moderno – além da diminuição das sacolas de urina arremessadas contra a “geral”.