B3 faz a maior aquisição de sua história ao comprar empresa de big data Neoway
Segundo a B3, a operação será paga com recursos do caixa.
A compra da Neoway ontem (20 de Outubro de 2021), no valor de R$ 1,8 bilhão, faz parte da estratégia da B3 de ampliar a atuação para as “adjacências” do negócio principal.
Na semana passada, a B3 já havia informado que mantinha negociações com a Neoway, com vistas à sua aquisição. A Neoway também estava na mira da gigante Serasa Experian, que acabou vencida na disputa.
Segundo o presidente da B3, Gilson Finkelzstain:
“Já fazemos o uso tradicional de dados, mas não exploramos o potencial de muitos dados que temos, dentro do que podemos fazer de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e cruzar com dados públicos”.
A Neoway é uma empresa catarinense fundada em 2002, uma das maiores no segmento de análise de big data e inteligência artificial para negócios do País. Ela coleta e cruza dados de um determinado mercado, que podem ser úteis, por exemplo, para empresas otimizarem vendas, modernizarem processos ou diminuírem seus riscos relacionados a compliance, por exemplo.
Hoje, a Neoway tem 4% do mercado em que atua. A B3 acredita que tem espaço para consolidação, isso porque, segundo a apresentação da aquisição, há nada menos de 36 mil empresas, de todos os portes, oferecendo serviços semelhantes aos da Neoway. A Bolsa estaria disposta a investir cerca de R$ 200 milhões na companhia de tecnologia ao longo dos próximos cinco anos.
“A chegada da B3 vai acelerar os nossos planos, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento dos nossos pilares de fraude e crédito, lançados no ano passado. Agora, conseguiremos desenvolvê-los com mais agilidade”, afirmou Eduardo Monguilhott, presidente da Neoway.
A empresa catarinense cresceu entre 15% e 20% no último ano e a demanda crescente por esse tipo de serviço faz com que a previsão de faturamento para 2022 seja da ordem de R$ 190 milhões.
Sempre há espaço para mais.
O uso de dados já é algo explorado por Bolsas de Valores estrangeiras. Segundo o executivo, a B3, ao contrário das demais Bolsas, possui diferentes frentes de negócios, que vão além da renda variável e da renda fixa, como a área de financiamentos de automóveis e do setor imobiliário.
Ainda na estratégia de avançar em novas frentes adjacentes ao seu negócio-chave, a Bolsa também analisa oportunidades com o viés mais digital, como em criptoativos e na tokenização, que tratam da representação digital e criptografada de um ativo, mercado em pleno crescimento por conta da tecnologia blockchain.
Segundo o presidente da B3:
“Esse é um mercado que ainda está sendo criado no Brasil, então é importante chegar cedo”.
B3 mostra interesse nos criptoativos.
B3 vai continuar de olho em novas oportunidades no mercado com o mesmo objetivo de complementar a atuação da bolsa. A frente de expansão do negócio de dados, aberta com a compra da Neoway, vai continuar a ser explorada, inclusive com aquisições, segundo o presidente da B3.
Outra área que a B3 vem olhando de perto é a de criptoativos, em meio à popularização das moedas digitais como o bitcoin e de outras aplicações da nova tecnologia.
“Vamos acompanhar o que vai acontecer nessa seara. A gente quer ter um papel no mundo dos ativos digitais”, concluiu o presidente.
Atualmente, ele vê os criptoativos em um “limbo regulatório“. Dentro das possibilidades de atuar nesse mercado, a B3 começou em abril deste ano a listagem de fundos de índice (ETF) ligados a criptomoedas, que já contam com mais de 160 mil investidores.
Conheceu esse universo dos criptoativos em 2016 e desde 2017 vem intensificando a busca por conhecimentos na área. Hoje trabalha juntamente com sua esposa no criptomercado de forma profissional. Bacharelando em Blockchain, Criptomoedas e Finanças na Era Digital.