Banco da Espanha alerta para “risco sistêmico” se Google, Amazon e Facebook ingressarem no setor bancário
A vice-presidente do Banco da Espanha estuda barreiras para evitar que as ‘bigtechs’ desestabilizem sua moeda, mercado e gere turbulência aos bancos
O Banco da Espanha pede barreiras internacionais à entrada das ‘bigtechs’ (Google, Amazon e Facebook) no setor financeiro, por causa dos “riscos sistêmicos” que isso implica, e pede ao banco que se adapte rapidamente às mudanças e tire vantagem de dados dos clientes. Isto foi afirmado pela vice-presidente, Margarita Delgado.
A entrada das ‘bigtechs’ “abriga riscos significativos, que podem até ter um caráter sistêmico. No caso específico da Libra [moeda do Facebook], as consequências potenciais são de tal magnitude que devemos manter todos os tipos de precauções enquanto persistir alguma dúvida “, disse Delgado.
“No Banco da Espanha, estamos plenamente conscientes dessas circunstâncias, tendo nos comprometido firmemente com o esforço internacional que está sendo feito para identificar os desafios, aproveitar as oportunidades e, ao mesmo tempo, implementar as medidas apropriadas de contenção de riscos”, acrescentou a vice-presidente.
Ascensão das ‘bigtechs’
Além do lançamento da Libra, Delgado alertou que a entrada das ‘bigtechs’ é uma realidade “iminente”. Nesse sentido, destaca que as dez maiores empresas de tecnologia já possuem 50 serviços financeiros próprios. Outro fato que alarma a vice-presidente é que 76% dos pagamentos na China já são feitos por meio de uma ‘bigtech’, a Alipay.
“Assim, um complexo ecossistema de inter-relacionamento está sendo formado e, em muitos casos, opaco às autoridades, cujas implicações potenciais na estabilidade financeira, concorrência ou proteção ao consumidor parecem profundas”, disse Delgado.
Nesse ambiente, o Banco da Espanha alerta o setor financeiro que “precisa enfrentar as mudanças tecnológicas com responsabilidade e urgência”. “Ela enfatiza acima de tudo a importância dos dados. O futuro do negócio bancário passa pelo acesso, gerenciamento e exploração das informações disponíveis para poder capitalizar as vantagens competitivas que o setor apresenta no momento”, acrescenta.
Sobre a Libra, Delgado vê uma longa lista de riscos em potencial, como lavagem de dinheiro, proteção de dados e dinheiro do consumidor e instabilidade para o sistema.
Visão do Banco
Os CEOs dos principais bancos, presentes nos mesmos dias, concordaram que devem ser impostas barreiras às ‘bigtechs’ para competir em igualdade de condições. O número dois do Banco Sabadell, Jaime Guardiola, foi além ao apontar que a Europa “tem sido desajeitada” ao disponibilizar dados bancários europeus para as “bigtechs” dos EUA com a diretiva PS2. “Eu também gostaria de ter os dados da Amazon”, diz ele irônico.
Fonte: ElConfidencial
Estudante de Sistema da Informação, técnico de informática, apaixonado por tecnologia, entusiasta das criptomoedas e Nerd.